O fenómeno não é novo – nem na forma nem no conteúdo –, mas, na era da internet e das redes sociais, as ações de protesto em Portugal (que se vão somando nos últimos meses) têm comprovado o aumento do radicalismo na luta por causas. A polarização de posições motiva os grupos (à esquerda e à direita), que procuram manter os temas que lhes são caros na agenda. Para tal, vive-se em permanente disputa pelo espaço mediático. Cada ação exige mais espetacularidade do que a anterior – o objetivo, esse, passa por, ao final do dia, o assunto abrir o telejornal e figurar na primeira página do jornal ou revista do dia seguinte.
Exemplos recentes, ainda frescos, há dois. Distintos, é certo. Posicionados até em campos ideológicos opostos; contudo, nenhum diverge na forma. Falamos da ação de um grupo nacionalista e conservador (e anti-LGBTQI+), que decidiu invadir a apresentação do livro No Meu Bairro, um projeto de inclusão e diversidade, com textos de Lúcia Vicente e ilustrações de Tiago M., quando o evento decorria na livraria Almedina Rato, em Lisboa; e da ação protagonizada pelo movimento Greve Climática Estudantil, quando três jovens subiram ao palco da conferência da CNN Portugal e atingiram o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, com “ovos” cheios de tinta verde.