Sem surpresas, a moção de censura ao Governo, apresentada pelo Chega, foi chumbada, esta terça-feira, na Assembleia da República. Os partidos votaram tal como já tinham anunciado: PS, BE, PCP, PAN e Livre votaram contra; PSD absteve-se. Apenas o Iniciativa Liberal votou favoravelmente ao lado do partido de André Ventura.
Durante mais de três horas, debateu-se a terceira moção de censura ao Governo liderado por António Costa – a segunda apresentada pelo Chega (a outra, foi apresentada pelo IL) –, mas André Ventura dedicou parte das suas intervenções para atacar os partidos da oposição, nomeadamente ao PSD, por este partido não acompanhar a iniciativa.
Dirigindo-se diretamente aqueles que “prometeram ser uma alternativa” ao PS, Ventura voltou a colar-se ao legado (e memória) de Francisco Sá Carneiro, para lamentar esta posição. “Temos um Presidente da República e um país a dizer ‘mostrem alternativa’ e o que destrói o nosso coração [Chega] é que uma parte da alternativa prefere puxar o lençol e deitar-se com o PS”, disse o presidente do Chega.
A iniciativa do Chega foi, aliás, criticada por todas as bancadas – incluindo as do PSD (que se absteve) e do IL (que votou a favor), que a classificaram como “uma infantilidade”.
Perante este quadro, André Ventura chegou a dizer que “às vezes” pensa “que deveria liderar o Chega e o PSD ao mesmo tempo”. Já o líder da bancada parlamentar do Chega, Pedro Pinto, fechou o debate afirmando que “o Chega é a única oposição ao Governo socialista”.
António Costa, por sua vez, acusou André Ventura de pretender “desafiar os parceiros de direita”, considerando que a moção de censura terá “embaraçado o PSD” e ainda levou “de arrasto a IL”. O primeiro-ministro disse que enquanto o Governo “foca-se em soluções, o Chega fica parado nas confusões. E enquanto a oposição pára, o Governo avança e Portugal progride”.
Costa aproveitou ainda para anunciar que quem ganha o salário mínimo nacional (SMN) em Portugal vai, “com grande probabilidade”, continuar sem pagar IRS. O primeiro-ministro afirmou que o chamado mínimo de existência (que é 14 vezes o valor do salário mínimo) deverá ser atualizado em função do aumento do SMN.