Alimentos a preços mais acessíveis; salários e pensões a aumentar; apoios às famílias vulneráveis, aos inquilinos e proprietários de habitação; menos impostos; redução da diferença salarial entre homens e mulheres; mais emprego… é esta a lente com que o primeiro-ministro vê o país. “Estamos conscientes do muito trabalho que temos em mãos”, mas, o balanço feito pelo Governo dificilmente poderia ser mais cor-de-rosa: “os portugueses estão melhores e o país está a melhorar”, argumentou António Costa, na abertura do debate parlamentar com quatro horas sobre o estado da nação, nesta quinta-feira.
Por uma fração de segundos, o chefe do Executivo ainda abriu a porta a dificuldades internas – “às vezes erramos, mas nunca desistimos de encontrar soluções” -, todavia fechou-a no imediato. Do seu discurso perante a Assembleia da República, fica um país em claro crescimento, à beira de uma reforma estrutural e com investimento nos serviços públicos e no combate às desigualdades sociais. Um país que dificilmente seria mais oposto ao visto pelos restantes partidos, que Costa acusou de “fatalismo” e de falta reconhecimento. “Nada propõem e tudo criticam”.
A estes se dirige para dizer: “Portugal não estagnou, não entrou em recessão”, apesar da pandemia, da Guerra na Ucrânia, da inflação… “Pelo contrário, teve no primeiro trimestre [de 2023] o terceiro maior crescimento da União Europeia”, sublinhou, acrescentando uma palavra sobre os níveis de “emprego em máximos históricos”, o crescimento da produtividade, das exportações, do turismo, do investimento estrangeiro, da aposta na inovação, na investigação e no desenvolvimento. Tudo isto, “fruto do trabalho dos portugueses, das empresas e das boas políticas do Governo”.
Do trabalho do Executivo, ao longo desta sessão legislativa, destacou ainda a agenda do trabalho digno, a aprovação (nesta quarta-feira, apenas com os votos do PS) do programa “Mais Habitação”, as politicas de incentivo à descentralização e o novo regime das ordens profissionais.
E agora? Para os próximos três anos, o primeiro-ministro elencou como prioridades a “modernização do nosso tecido produtivo”; do sistema de ensino, nomeadamente, através da transição digital; do combate às alterações climáticas; da melhoria das respostas sociais, como os cuidados de saúde primários, aumento de vagas em creches e em lares; de salvaguardar o direito à habitação e criar mais alojamento estudantil; do combate à pobreza e à exclusão social e do reforço da coesão territorial. Sem esquecer, a redução da dividida e a manutenção das contas certas para “partilhar os bons resultados da economia com os portugueses”.
No encerramento da sessão legislativa, António Costa prometeu governar “sempre a pensar nas pessoas” e a pensar num país com menos desigualdades sociais e territoriais, comprometido com a ação climática, com mais qualificações e mais oportunidades, com emprego digno, com um Estado social forte; um país seguro e aberto que se afirma na Europa e no mundo”.