Pedro Nuno Santos negou, esta quinta-feira, ter conhecimento da existência de outras “Alexandras Reis”, como quem diz de outras indemnizações milionárias pagas pela TAP. “Do meu conhecimento desse período, tenho conhecimento da saída de Alexandra Reis e da do CEO Antonoaldo Neves”, respondeu o ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação ao deputado da Iniciativa Liberal Bernardo Blanco, que questionou o ex-governante sobre a auditoria da EY onde é revelado, segundo o deputado, que, entre 2019 e 2022, saíram da empresa 13 administradores com 8,5 milhões de euros.
“Desconheço esse documento com essas saídas, que não passaram por mim”, afirmou Pedro Nuno Santos, na Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP, sugerindo que se tornasse público o estudo mencionado.
Insistindo, o deputado Bernardo Blanco confronta o ex-ministro com a saída de Fernando Pinto, nesse período (em fevereiro de 2020). Mas Pedro Nuno Santos nota que, nessa altura, “a empresa não era pública, portanto as regras eram diferentes”. “A gestão era privada e eu não conhecia esse contrato de prestação de serviços com o privado. Pode ter a certeza se conhecesse teria dito alguma coisa aos administradores do Estado ou à comissão executiva da mesma forma que fiz com os prémios [em 2019]”, acrescentou.
Já sobre a indemnização de 500 mil euros adjudicada a Alexandra Reis, o antigo titular da pasta das Infraestruturas admitiu que autorizou a saída da ex-administradora da companhia aérea numa reunião a sós com a CEO da TAP, que aconteceu a 4 de janeiro, rejeitando ainda que, neste encontro, tenha prometido um bónus à segunda, Christine Ourmières-Widener: “Tive uma conversa informal com a CEO da TAP sobre esse tema [regalias] e estava satisfeito com resultados e gestão dela e [disse-lhe] que isso haveria de se refletir no reconhecimento dos direitos de 2021. Mas daí não se pode retirar mais nada, porque o bónus depende do contrato de gestão. É uma conversa cordial entre um ministro e uma CEO”.
Pedro Nuno Santos repetiu também que a saída de Alexandra Reis aconteceu apenas devido a uma “reestruturação da administração”, em que o Estado não se meteu, sublinhando o bom trabalho desempenhada por esta. Alexandra Reis “era um quadro da TAP competentíssima, inteligente, trabalhadora”.
Caraterísticas que fizeram o ministro pensar que seria uma boa ideia para a NAV – “não me lembro se houve um contacto antes ou depois da tomada de posse, mas o Dr. Hugo Mendes achou quer era um bom nome para a NAV e eu achei que sim”, respondeu ainda ao parlamentar da IL, o primeiro a poder colocar questões.
Depois meses de silêncio, esta é a segunda vez, em pouco tempo, que o ex-governante é ouvido numa Comissão de Inquérito. Na semana passada, Pedro Nuno Santos esteve na Comissão parlamentar de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, mas a audição de hoje era a que “mais ansiava”, disse, durante a sua intervenção inicial, pois, apesar de incluir temas “mais desconfortáveis”, deu-lhe a “oportunidade de falar”, de contar a sua versão dos factos.