Luís Montenegro tomou a iniciativa de pedir ao primeiro-ministro a demissão da secretária-geral do SIRP [Sistema de Informações da República Portuguesa], Graça Mira-Gomes, na sequência da ação das secretas para recuperar o computador do ex-adjunto do ministro das Infraestruturas. Considerando ainda, esta sexta-feira, em conferência de imprensa, no Porto, que “ao primeiro-ministro, que soube das diligências do SIS, cabe igualmente assumir as responsabilidades” e demitir João Galamba pela “forma leviana como trabalha”, estando “permanentemente a atualizar a sua versão dos factos“.
“O primeiro-ministro não pode esconder-se na sua agenda internacional ou de lazer quando tem a casa a arder”, criticou o líder da oposição, que se mostrou indignado com “a teimosia e arrogância em que o primeiro-ministro se instalou”.
Para Montenegro, em última análise, António Costa é o responsável pelo “pântano político em que Portugal mergulhou” e as suas ações devem ter consequências. Por isto, o líder “laranja” voltou a manifestar o seu empenho na criação de “uma alternativa política sólida para substituir o atual Governo, o mais rapidamente possível”, sublinhando que se encontra a “juntar pessoas e ideias para dar um novo governo a Portugal”, em caso de eleições antecipadas. Possibilidade sobre a qual, Montenegro mantém o seu discurso pouco claro: não pediu taxativamente a queda do Governo e não responde a perguntas sobre possíveis alternativas.
“Essa avaliação cabe ao Presidente da República. Há uma maioria que emanou da vontade popular e temos respeito por isso. Mas o que tem acontecido é que a situação política é de completa paralisia, porque o país se vai distraindo caso após caso – e isso tem consequências”, disse, ressalvando que continua a considerar “que, por princípio, os mandatos devem ser cumpridos”.
Ainda sobre o pedido de demissão de Graça Mira-Gomes, o presidente social democrata disse que o primeiro-ministro “não acedeu à [sua] sugestão”, o que, segundo Montenegro, deixa Costa “isolado” e como “o único e exclusivo responsável pelas distorções legais e reputacionais dos serviços de informação”. Mas, mesmo assim, Montenegro permanece interessado em estudar com o Executivo alterações ao modelo de atuação do conselho fiscalizador das secretas.
O líder do PSD agendou esta conferência, na sede distrital do partido no Porto, na sequência das declarações do ministro das infraestruturas, nesta quinta-feira, 18, na comissão parlamentar de inquérito à TAP, em que Galamba revelou que informou o primeiro-ministro, na madrugada de 26 de abril, sobre o pedido de intervenção do SIS para recuperar o portátil do ex-adjunto, Frederico Pinheiro.