Eugénia Correia Cabaço tinha 28 anos quando começou a trabalhar diretamente para um governo. Foi contratada como assessora para o gabinete do antigo secretário de Estado da Administração Local e do Ordenamento do Território José Augusto de Carvalho, durante o primeiro Executivo de António Guterres (1995-1999). Na altura, tinha apenas como experiência profissional relevante três anos a dar aulas na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. E, uma vez chegada aos bastidores da governação socialista, poucas mais linhas noutro âmbito acrescentou ao seu currículo, publicado em Diário da República. Durante quase três décadas, acompanhou todos os sete Executivos do PS, alternando entre as funções de assessora, de adjunta e de chefe de gabinete.
Atualmente, é chefe de gabinete do ministro das Infraestruturas, João Galamba, e foi nessa condição que o seu nome saltou para as páginas dos jornais, na sequência do despedimento do ex-adjunto Frederico Pinheiro, que envolveu alegadamente violência física e a intervenção do Serviço de Informações e Segurança (SIS) para recuperar o computador de trabalho deste último. Nesta quarta-feira, 17, Eugénia Correia Cabaço foi ouvida, na Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP, numa audição sobre o despedimento de Frederico Pinheiro, em que a chefe de gabinete contrariou a versão dos factos contados, minutos antes, pelo adjunto demitido, alegando, entre outras coisas, que havia sido Pinheiro a apagar o arquivo de Whatsapp no seu telemóvel e não um técnico de informática, como tinha declarado o ex-adjunto do ministério das Infraestruturas.
Durante a audição, a chefe de gabinete do ministro João Galamba – que será hoje à tarde questionado na comissão sobre o mesmo acontecimento – reconheceu ainda falhas na segurança de documentos fundamentais sobre a gestão da TAP (que não constavam do arquivo e do sistema de gestão documental, mas apenas no computador do ex-adjunto Frederico Pinheiro), atribuindo-as ao “gabinete anterior”, liderado pelo ministro Pedro Nuno Santos.
Maria Eugénia Correia Cabeço, 56 anos, advogada, licenciou-se em Direito na Universidade de Lisboa, onde foi, depois, docente durante três anos. Entre 1996 e 2000 manteve-se nas funções referidas acima no gabinete de José Augusto de Carvalho, transitando do primeiro para o segundo Governo de Guterres. E em janeiro de 2000, passou a assessorar o então secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, Pedro Silva Pereira, num ministério sob a tutela de José Sócrates.
E é precisamente o antigo primeiro-ministro que a vai buscar à Caixa Geral de Depósitos – onde trabalhou como jurista durante os Governos do PSD com o CDS de Durão Barroso e de Pedro Santana Lopes. Entre 2005 e 2009, Eugénia Correia Cabaço foi assessora de José Sócrates e, no segundo Governo liderado por este, que durou pouco mais de um ano, chegou a chefe de gabinete de Fernando do Carmo (secretário de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades).
No anos seguintes, em que os socias democratas voltam a governar, sob a orientação de Pedro Passos Coelho (2011 a 2015), Eugénia Correia retoma as suas funções na Caixa Geral de Depósitos, que interrompe já com António Costa no poder. Desta vez, vai para adjunta de Mário Centeno, nas Finanças, até fevereiro de 2017, quando passa a assessora do Conselho de Administração da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos. Quase não chega a aquecer o lugar, pois, em outubro de 2018, João Galamba, enquanto secretário de Estado da Energia, chama-a, ainda na mesma legislatura, para sua adjunta. No Governo seguinte de Costa, Eugénia Correia continua com Galamba e é promovida a sua chefe de gabinete, acompanhando-o na passagem a ministro.