Vulnerabilidade é uma das palavras-chave nos serviços de informações. Habitualmente, serve como porta de entrada do espião para o alvo, cujos esqueletos no armário o tornam manipulável. Mas os próprios serviços também podem ficar vulneráveis, como aconteceu no passado, por intrusão de uma secreta estrangeira, que teve acesso a segredos NATO, ou, como definiu Abílio Morgado, ex-presidente do Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), pelo “asnático caso” da recolha do computador de Frederico Pinheiro, ex-assessor do ministro João Galamba.
Sete anos após um dos mais complicados casos com que o Serviço de Informações e Segurança (SIS) teve de lidar – a detenção do espião Frederico Carvalhão Gil por suspeita de vender segredos NATO à Rússia –, a “secreta” (expressão nada do agrado dos oficiais do setor) portuguesa regressou às primeiras páginas dos jornais e, uma vez mais, não pelos melhores motivos. “Infelizmente, os serviços só têm sido notícia por más razões e não pelo bom trabalho que têm desenvolvido em várias áreas”, lamenta-se António Freitas, um ex-dirigente do SIRP, que liderou os departamentos de Recursos Humanos, Finanças e Análise Estratégica e que, recentemente, publicou o livro Inteligência, Fundamentos e Elementos Essenciais, no qual, com muitas cautelas, tentou dar a conhecer o trabalho e a finalidade dos serviços de informações.