“Não tenho receio de nada nem de ninguém.” Esta frase de Luís Montenegro, proferida a propósito do eventual regresso de Pedro Passos Coelho à vida política ativa, está a ser interpretada, no PSD, como um sinal de que estará disposto a enfrentar o antigo mentor (Montenegro foi líder parlamentar quando Passos era primeiro-ministro), se este lhe disputar o lugar, num futuro mais ou menos próximo. No entanto, Montenegro abre a porta a Passos, para outras funções: “É um ativo extraordinário que o País não deve desperdiçar em nenhuma circunstância.” Entre os sociais-democratas consultados pela VISÃO, a baliza temporal está fixada nas eleições europeias, que se disputam em 2024. Até lá, segundo um elemento próximo do antigo chefe do governo, Passos Coelho poderá ter “uma ou outra aparição” no espaço público, “fará os seus almoços” e poderá, até, tomar uma “posição genérica” nalguns temas, como aconteceu no caso da eutanásia (como recordaremos mais adiante). Um bom resultado do PSD nas europeias manterá Passos na expectativa. Um mau resultado “pode fazê-lo pensar em regressar”.
Uma coisa é certa: a hipótese de uma candidatura presidencial parece estar, para já, afastada, já que Passos Coelho tem um “perfil executivo” e não estará interessado numa corrida a Belém. Mais: depois de umas presidenciais, já não poderia aspirar a qualquer outro cargo “menor”… mesmo que as perdesse. A única alternativa então possível seria voltar a tentar. Ora, um regresso a curtíssimo prazo também não é de se prever, por razões do foro pessoal: desde que, há precisamente dois anos, ficou viúvo da sua segunda mulher, Laura Ferreira, Passos tem-se dedicado à filha mais nova, ainda menor, a sua prioridade pessoal. Também não aceitou nenhum dos convites para o setor privado, mantendo-se como professor de áreas económicas e de Administração Pública, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) e na Universidade Lusíada, funções em que se cruza com o velho conhecido António José Seguro, contemporâneo na liderança das juventudes partidárias dos respetivos partidos, nos anos 80 e 90 (a JSD de Passos e a JS de Seguro), e ex-líder da oposição quando Passos era primeiro-ministro.
