“Angola, aqui há uns anos, tinha alguma relutância em envolver-se em situações, conflitos em outras partes do continente. Hoje Angola tem uma presença forte e tem credibilidade que lhe permite ter um papel chave”, afirmou, em entrevista à Lusa, à margem da 36.ª Cimeira da União Africana.
E deu o exemplo do esforço de pacificação da região dos Grandes Lagos, numa referência ao conflito no leste da República Democrática do Congo, mas também na República Centro-Africana, onde “Angola também desempenha um papel muito importante”.
“Para nós, é uma grande satisfação ver Angola jogar esse papel, acreditamos que é um papel muito positivo para todo o continente, porque Angola é um país com peso e fazia falta, de alguma maneira, essa influência”, acrescentou o ministro português.
“Vejo o meu colega angolano muito ativo”, referindo-se ao ministro das Relações Exteriores, Téte António, e o “Presidente João Lourenço a falar com os presidentes de outros países”, o que “é extremamente positivo, diria, para a CPLP” (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), atualmente presidida por Luanda.
Nas declarações à Lusa, João Gomes Cravinho abordou também a sua recente ida a São Tomé e Príncipe, num momento em que estão a decorrer investigações sobre um ataque a um quartel em novembro, violentamente reprimidas pelas autoridades, com a morte de quatro homens sob custódia militar.
“São Tomé é um país irmão, Portugal é um país próximo de São Tomé, qualquer que seja o governo”, começou por dizer o ministro, que disse não tomar partido sobre a situação interna política do país.
“Aquilo que julgo saber sobre o que se passou a 25 de novembro é que muito em breve, penso que num período de três meses, portanto até 25 deste mês, haverá da parte da Procuradoria-Geral da República são-tomense um pronunciamento sobre aquilo que entende que aconteceu e aquilo que devem ser os passos seguintes”, explicou João Gomes Cravinho.
“Portugal, quanto a isso, é um observador externo, um observador amigo, um observador que contribuiu numa primeira fase com um apoio da Polícia Judiciária, do Instituto de Medicina Legal e deu o contributo dos peritos”, explicou, acrescentando: “Agora as instituições são-tomenses fazem o seu trabalho”.
Nos últimos dias foi também notícia que o líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, o maior da oposição da Guiné-Bissau), Domingos Simões Pereira, foi novamente impedido de sair do país.
Dizendo desconhecer esse caso em concreto, Gomes Gravinho salientou que a Guiné-Bissau já vive “um ambiente pré-eleitoral”, referindo-se às eleições legislativas apontadas para junho.
No entanto, “é importante que as instituições funcionem de modo justo para todos”, ressalvou.
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