Além das principais instituições do Estado, sedes de organismos públicos e de grandes empresas, é em Lisboa que decorre a maior investigação judicial a suspeitas de corrupção e outros crimes (eventualmente) cometidos no poder local. À volta da câmara municipal da cidade, o Ministério Público (MP) tem em curso 12 inquéritos, no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa. Mas só após ter sido revelado que atuais e ex-ministros – Fernando Medina, Duarte Cordeiro, Graça Fonseca e Pedro Siza Vieira – estavam a ser investigados é que o MP se lançou num corrupio de audições de testemunhas, agendando, de supetão, mais de dez inquirições, a maioria das quais de quadros da autarquia, agora presidida por Carlos Moedas.

Com vários inquéritos em curso relativos à Câmara Municipal de Lisboa, o primeiro aberto em 2016, e a investigação da Operação Tutti-Frutti a decorrer – um caso sobre ajustes diretos em juntas de freguesia da capital e trocas de favores entre PS e PSD, nomeadamente no que diz respeito à contratação de assessores –, a Polícia Judiciária (PJ) propôs a realização de buscas a Fernando Medina, Duarte Cordeiro e Graça Fonseca (então presidente e vereadores da autarquia, responsáveis pela contratação dos serviços da Linklaters), ao servidor de email da câmara e ao escritório de advogados de Pedro Siza Vieira. De acordo com informações recolhidas pela VISÃO, terá sido a partir deste momento que a investigação nunca mais voltou às secretárias dos inspetores da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, mantendo-se fechada no DIAP de Lisboa, apenas com uma inspetora da PJ a ouvir testemunhas e a ler documentos apreendidos.