Cem anos depois do nacional-sindicalismo de Francisco Rolão Preto, o Chega de André Ventura recupera a experiência de (tentar) romper o monopólio da esquerda no campo do movimento sindicalista português, com a promoção de uma nova federação sindical. O Solidariedade – assim se designará a nova estrutura –, apresentado por Ventura há pouco mais de uma semana, recicla o discurso contra a lógica de “luta de classes”, “imposta” aos trabalhadores pelo “socialismo” e pelo “marxismo”. Tal como Rolão Preto, na década de 1920, esta nova estrutura também colhe inspiração além-fronteiras, como admite o próprio André Ventura, que desde a primeira hora indica que este Solidariedade segue o modelo “bem-sucedido” do partido espanhol Vox de Santiago Abascal – da mesma família política da direita radical populista –, que, em 2020, lançou o… Solidaridad (e que, no país vizinho, já conta com 13 mil filiados e representantes em 273 empresas).
Acenando com o estatuto de terceira força política nacional, André Ventura insiste em afirmar que “as ruas são de direita desde o aparecimento do Chega”, como ainda repetiu, na semana passada, em entrevista à RTP, prometendo, num futuro próximo, guiar à cabeça multidões em manifestações pelo País – a primeira já em janeiro ou fevereiro de 2023.
