Dir-se-á, no momento em que este texto ganha forma, que as notícias da “morte” de Pedro Nuno Santos como ministro – dada como certa nas últimas horas – foram manifestamente exageradas. Do encontro (de 45 minutos) entre António Costa e Pedro Nuno Santos tudo saiu como dantes.
Em conferência de imprensa, sem direito a perguntas, o ministro, que, ontem, tinha publicado o despacho sobre a solução para o aeroporto da região de Lisboa, sem que este tivesse “luz verde” de António Costa e do Conselho de Ministro, fez “mea culpa”, garantindo se mantém “obviamente” em funções.
Perante os jornalistas, numa postura (muito) distante do registo “durão” que lhe é habitual, Pedro Nuno Santos admitiu responsabilidade pela “falha de comunicação” e “articulação” com o primeiro-ministro e restantes colegas do Governo; pediu “desculpa” pela “falha relevante”, mas afastou, logo à nascença, retirar quaisquer outras consequências políticas deste episódio.
Com pressa de pôr uma “pedra sobre o assunto”, o ministro das Infraestruturas e da Habitação destacou a “relação profissional e de amizade” que mantém, há vários anos, com António Costa, sublinhando factos e feitos conseguidos ao longo desse percurso: com uma nota de relevo sobre a ação governativa nos tempos da “Geringonça” e a conquista da maioria absoluta.
A conferência de imprensa terminou, veloz, mas a sensação de estranheza, essa, perdurou, durante os minutos seguintes – tendo em conta, sobretudo, a ausência de consequências políticas face aos contornos (e à gravidade) da polémica.
24 horas de tensão
Segundo apurou VISÃO, junto de fonte próxima do Governo, o despacho, publicado em Diário da República, por ordem de Pedro Nuno Santos, terá “apanhado o primeiro-ministro de surpresa”, que ficou “furioso” com Pedro Nuno Santos, uma vez que a decisão final “não estava validada pelo Conselho de Ministro e muito menos tinha ‘luz verde’ de António Costa” para avançar e ser anunciada.
António Costa estaria ao corrente da solução Alcochete e Montijo (como aeroporto complementar), apresentada no documento, mas a mesma nunca poderia avançar sem que também fosse apresentada à oposição – condição de que não abdica neste processo. Na manhã desta quinta-feira, António Costa revogou o despacho, reafirmando querer uma negociação e consenso, com outras forças políticas, sobre este tema.