A “dança de cadeiras” no Parlamento fez a primeira fila do hemiciclo encolher. Literalmente. Foi esta a solução encontrada pela conferência de líderes, realizada na passada quarta-feira, 30 de março, em resposta ao atual quadro parlamentar – os serviços da Assembleia da República, entretanto, já cumpriram a “ordem”. E, na reunião plenária para apresentação do programa do governo, agendada para esta tarde (a partir das 15h00), o PCP já só terá disponíveis dois lugares na primeira fila (quando antes tinha três).
A questão tinha sido levantada, na semana anterior, pela Iniciativa Liberal que contestou que o PCP tivesse três lugares na fila da frente só tendo elegido seis parlamentares, nas legislativas de 30 de janeiro, quando o seu partido tinha apenas dois na primeira fila e oito deputados.
Os restantes grupos parlamentares concordaram, de forma “consensual” – como confirmou a porta-voz da conferência, a deputada socialista Maria da Luz Rosinha, à saída da reunião –, que não faria sentido os comunistas manterem, na atual legislatura, o mesmo número de posições. Com esta decisão, o hemiciclo passa a ter apenas 23 lugar na primeira fila (contra 24 da anterior legislatura).
À esquerda, ficam quatro cadeiras: duas atribuídas ao PCP e duas ao BE (ficando uma secretária daquele bloco por ocupar). PS e PSD dividem, ao centro, o espaço na primeira fila – sete lugares para cada partido. À direita, a IL fica com dois lugares e o Chega com três.
Deputados únicos em segundo plano
Os deputados únicos Inês Sousa Real (PAN) e Rui Tavares (Livre) continuam sem direito a marcar presença na primeira fila, mesmo depois de, formalmente, na conferência de líderes, terem solicitado essa possibilidade. Mais: enquanto Inês Sousa Real se senta numa coxia, encostada ao grupo parlamentar do PS, Rui Tavares não teve sequer essa possibilidade, ficando “engolido” entre deputados socialistas (situação que não agradou ao político e historiador).
Ouvidos pela VISÃO, Inês Sousa Real e Rui Tavares “lamentam”, em uníssono, a “intransigência” dos colegas em “permitirem que os deputados únicos possam representar, mais dignamente, os seus eleitores”. “Havia, neste caso, essa possibilidade [de ocuparem, cada, um lugar na primeira fila], permitindo uma melhor representatividade das forças políticas presentes no Parlamento”, afirmam.