“Com toda a transparência quero dizer vos que irei trabalhar para o Chega”. O anúncio de Cristina Rodrigues caiu que nem uma bomba no Twitter onde as reações são de muita surpresa e perturbação, tendo em conta a agenda progressista que a deputada defendeu ao longo de quase dois anos e meio de mandato. Porém, para quem acompanhou a vida parlamentar ao longo desta legislatura perceberia que a ainda deputada, como não inscrita, foi a que mais apoiou de forma destacada as várias iniciativas de André Ventura na Assembleia da República.
Segundo Cristina Rodrigues, cujo mandato termina agora no dia 28 de março, as “funções serão jurídicas”. “Foi me assegurada a possibilidade de continuar a trabalhar certos temas que acho prioritários”, explica a deputada, que termina o mandato.
Com 36 anos, Cristina Rodrigues foi parlamentar do PAN entre outubro de 2019 e junho de 2020, tendo se desvinculado do partido que então liderado por André Silva.
Nesse verão, passou então a deputada não inscrita e adotado uma agenda muito progressista e animalista, sendo que um dos projetos de lei com que mais se destacou foi o que propunha a proibição das “terapias de reorientação sexual”. Já em relação ao Chega, um dos temas caros ao partido de André Ventura é a defesa da tauromaquia.
O anúncio surge a poucos dias do fim do mandato da deputada, que se dá com a tomada de posse dos novos eleitos, já que apesar da dissolução da Assembleia da República decidida por Marcelo Rebelo de Sousa todos os parlamentares que entraram em outubro de 2020 se mantêm em funções.
Um minuto depois de Cristina Rodrigues tuitar a novidade, a assessoria do Chega confirmou que a deputada vai “a iniciar funções no início da nova legislatura” como “coordenadora jurídica, ao gabinete parlamentar”.
Entretanto, que na sua conta do Twitter, quer nas redes sociais, Cristina Rodrigues está a ser bombardeada com comentários muito críticos à decisão, principalmente perante o facto de a deputada querer passar a ideia de que não mudou a sua essência: “Apenas vos quero dizer que continuo aqui, sempre disponível para ajudar no que me for possível”.
A dirigente do PAN foi eleita pelo círculo de Setúbal, onde conseguiu 17.529 votos. O Pessoas-Animais-Natureza tornou-se nesse distrito na quinta força política, à frente do CDS, que não elegeu nenhum deputado, e atrás do BE, que elegeu então dois deputados.
Na altura, tornou-se notícia por não conhecer o programa do próprio partido, principalmente as propostas para a Segurança Social.
Porém, o seu nome já tinha vindo à baila um ano antes das eleições, quando foi identificada como sendo a advogada do IRA – grupo de Intervenção e Resgate Animal (IRA), numa altura que foram apresentadas queixas contra esse movimento por os seus elementos recorrerem à violência de rosto escondido. Na altura, era então chefe de gabinete do deputado e porta-voz do PAN, André Silva.