É a segunda vez que a Iniciativa Liberal (IL) entra na corrida das eleições legislativas e, com o balanço das sondagens (que colocam o partido entre os 3 e os 6%), os liberais estabeleceram como objetivo a eleição de cinco deputados, o que lhes permitiria criar um grupo parlamentar. Querem ainda obter, no mínimo, 4,5% da votação final, definiram na moção estratégica global 2021-23 “Preparados para Liberalizar Portugal”, que será apresentada e votada no Centro de Congressos de Lisboa, neste fim de semana, durante a VI Convenção Nacional do partido.
Segundo cálculos internos é em Lisboa, no Porto, em Braga, em Setúbal e em Aveiro que se concentram as maiores possibilidades da IL eleger, admitindo-se a hipótese de chegarem mesmo aos sete parlamentares. O cabeça de lista pela capital será o atual líder e único deputado, João Cotrim de Figueiredo, que não quis, por enquanto, revelar a restante composição das listas do partido para o Parlamento, remetendo esta informação para depois da Convenção.
É já sabido, por constar na moção, que o partido irá apresentar listas próprias em todos os círculos eleitorais no continente, nas regiões autónomas e nos círculos de residentes fora de Portugal. Isto mesmo tendo noção de que dificilmente a IL conseguirá eleger em círculos pequenos (com menos de oito deputados) e até em médios (oito a dez).

Se o resultado da ida dos portugueses às urnas no dia 30 de janeiro seguir uma direção contrária à das intenções de Cotrim e da sua direção, o líder admitiu, nesta quinta-feira, em entrevista ao jornal Público, que coloca o lugar à disposição. Teria de tratar-se, no entanto, de um resultado “desastroso” – apenas “dois deputados”, concretizou.
Paralelemente, a IL estabeleceu como objetivo usar a campanha eleitoral para continuar a difundir os ideais do partido, motivo pelo qual rejeita qualquer coligação pré-eleitoral – como aliás tem sido prática noutros momentos eleitorais. Já no pós-eleições, a estratégia passa por influenciar a governação (desde que o Governo seja do PSD, exista um acordo escrito e o programa assuma “um cariz reformista e contenha um conjunto significativo de medidas liberais”) ou reforçar a oposição, caso o PS se mantenha no poder.
As linhas vermelhas do partido são “quaisquer acordos escritos ou verbais, pré ou pós-eleitorais com o Partido Socialista, o Bloco de Esquerda, o Partido Comunista Português ou o Chega”.
Alterações na Comissão Executiva
Na convenção deste fim de semana, é eleita a Comissão Executiva do partido, sendo que existe apenas uma lista candidata e que mantém substancialmente os elementos da atual. Tanto o presidente como dois dos três “vices” mantém-se (Ricardo Pais Oliveira e António Costa Amaral). A principal alteração será a saída de Mónica Mendes Coelho (a terceira vice).
Sai igualmente da Comissão Executiva Maria Castello-Branco, que é vista como uma das grandes promessas do partido, mas que foi fazendo menos aparições públicas em representação da IL desde que tomou a decisão de não estar presente no último congresso do MEL, por ir partilhar o painel com um dos vice-presidentes do Chega Nuno Afonso.

Entram Paulo Carmona, o presidente do Fórum de Administradores e Gestores de Empresas, vice-presidente do Movimento Europa e Liberdade (MEL) e candidato da IL por Sintra nas últimas Autárquicas; Ana Pedrosa Augusto, antiga vice-presidente do Aliança e número dois da lista da IL à Câmara de Lisboa, e Miguel Pina e Cunha, professor catedrático da Universidade Nova School of Business and Economics. Rodrigo Saraiva, que atualmente faz a assessoria do partido e é chefe de gabinete de Cotrim de Figueiredo no Parlamento, passa a primeiro vogal.
Miguel Rangel continua como secretário-geral e Bruno Mourão Martins como tesoureiro.