Abdullah II, Rei da Jordânia
O monarca à frente da Jordânia comprou três propriedades em Malibu, na Califórnia, EUA, por €59 milhões, através de offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, aumentando o seu investimento imobiliário do qual já fazem parte 14 casas de luxo no Reino Unido e nos EUA, adquiridas entre 2003 e 2017 através de empresas-fantasma. São mais de 106 milhões de dólares (€91 milhões) entre uma casa em Ascot, Inglaterra; apartamentos multimilionários no centro de Londres; quatro apartamentos luxuosos num complexo em Washington; três casas geminadas, de frente para o mar, em reconstrução em Point Dume, enclave de luxo perto de Los Angeles.
Guillermo Lasso, Presidente do Equador
Antigo empresário conservador, bem-sucedido e ex-diretor do Banco de Guayaquil, um dos maiores do país da América do Sul, Lasso recorreu a 14 empresas financeiras de fachada no Panamá e nos EUA para abrir contas bancárias nos bancos Morgan Santley e no JP Morgan Chase. Nos formulários dessas contas tinha como morada de residência um escritório na Florida. Hoje, dez das 14 empresas estão inativas e nas outras quatro o presidente nega qualquer relacionamento ou benefício.
Uhuru Kenyatta, Presidente do Quénia
Esta é uma teia familiar formada por Uhuru Kenyatta, a sua mãe e mais três irmãos. Uhuru e a mãe são beneficiários de uma fundação secreta no Panamá, enquanto os três irmãos são donos de cinco companhias offshore com quase €30 milhões em ativos. O clã queniano terá a sua riqueza offshore estimada em 500 milhões de dólares (€431 milhões).
Sebastián Piñera, Presidente do Chile
Há 11 anos, antes de ser presidente, mas já reconhecido como uma das pessoas mais ricas do Chile, Sebastián Piñera comprou a mina chilena de Dominga nas Ilhas Virgens Britânicas por 152 milhões de dólares, uma operação que envolveu o empresário Carlos Alberto Délano, um dos seus melhores amigos. A família Piñera Moral era a maior acionista deste projeto mineiro e, em 2010, o empresário Délano comprou a participação de todos os restantes sócios. Essa venda previa o pagamento em três parcelas, sendo que a última estava condicionada pela decisão de o governo demarcar aquela zona ambiental.
Volodimir Zelenski, Presidente da Ucrânia
O ator e político Volodimir Zelenski, atual presidente da Ucrânia, detinha ações da empresa Maltex Multicapital Corp, registada nas Ilhas Virgens Britânicas, com o intuito de ter participações em empresas de produção e distribuição de filmes. Em março de 2019, um mês antes de vencer a eleição, Zelenski transferiu as suas ações para Sergiy Shefir, um amigo próximo e parceiro de negócios que mais tarde se tornou um dos seus principais conselheiros políticos em Kiev.
Andrej Babis, Primeiro-ministro da República Checa
Defensor do pagamento de impostos, pelo menos por parte dos empresários, Babis usou uma companhia offshore para comprar um castelo de €19 milhões, o Chateau Bigaud, perto de Cannes, em França – bem que deixou de fora do seu registo de interesses. Outras sete propriedades nas imediações do castelo também foram adquiridas com recurso a outra empresa de fachada. Há três anos, os vários imóveis passaram a ser detidos através de uma companhia no Mónaco, controlada pelo primeiro-ministro.
Wopke Hoekstra, Ministro das Finanças holandês
Líder da pasta das Finanças na Holanda, Wopke Hoekstra e o seu governo defendem a introdução de medidas de transparência no combate à indústria de finanças offshore. No entanto, e alegando desconhecer que a Candace Management LTD tinha sido constituída nas Ilhas Virgens Britânicas, o político fez diversas aquisições de ações da empresa offshore, entre 2010 e 2014.
Paulo Guedes, Ministro da Economia do Brasil
Homem forte do governo de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, Ministro da Economia do Brasil, fundou há sete anos a Dreadnoughts International Group, empresa nas Ilhas Virgens Britânicas, em que injetou 9,5 milhões de dólares (€8,1 milhões) – sendo que o Brasil proíbe que altos funcionários tenham investimentos dentro ou fora do país que possam beneficiar de políticas governamentais baseadas em informações privilegiadas. Após a tomada de posse em janeiro de 2019, Paulo Guedes não encerrou a empresa offshore, mas informou a Comissão de Ética Pública que a tinha. A entidade não encontrou irregularidades e arquivou a investigação em 2020.
Tony Blair, antigo primeiro-ministro britânico
Foi por uma questão de poupança que Tony Blair, primeiro-ministro britânico entre 1997 e 2007, e a sua mulher, Cherie Blair, compraram um edifício por €7,6 milhões a uma companhia offshore da família do ministro da Indústria do Bahrain, Zayed bin Rashid al-Zayani. Pouparam cerca de €345 mil em impostos (o equivalente ao nosso imposto sobre as transmissões onerosas e o imposto do selo) por não ter de ser feita uma escritura. Cherie Blair veio a público retirar qualquer responsabilidade por parte do marido e explicar que, após a transação, a companhia offshore que detinha a propriedade foi encerrada.
Dominique Strauss-Kahn, antigo diretor-geral do FMI
À frente do Fundo Monetário Internacional, entre 2007 e 2011, o nome de Strauss-Kahn surge nos Pandora Papers como diretor e acionista de uma empresa criada no Dubai com domicílio em Marrocos, onde cresceu. Depois de um escândalo de abuso sexual que o retirou da atividade política, Strauss-Kahn recorreu a serviços de consultoria, especialmente na África e terá utilizado essa rede offshore para administrar os seus rendimentos como consultor internacional.
Corinna Larsen, empresária dinamarquesa
A mulher que ganhou popularidade por ter mantido uma relação extraconjugal com o rei Juan Carlos I de Espanha planeou, em 2007, que o rei emérito recebesse parte de um fundo chamado Peregrine, com sede na Nova Zelândia, no caso de ela morrer. Juan Carlos receberia 30% do Fundo de Investimento Hispânico Saudita, anteriormente patrocinado pelo chefe de estado e para o qual Corinna Larsen trabalhou.
Shakira, cantora
A cantora colombiana Shakira vê o seu nome mencionado em três empresas registadas nas Ilhas Virgens Britânicas: Light Productions Limited, Light Tours Limited e Titania Management Inc. O escritório de advogados OMC no Panamá abriu as empresas em abril de 2019, quando já surgiam notícias de que as finanças espanholas estavam a investigar a fortuna da cantora. Após a revelação dos Pandora Papers, os consultores jurídicos e fiscais da artista vieram a público esclarecer que a data de constituição das empresas offshore é 2001 e todas têm declarações entregues às autoridades fiscais espanholas e estão em processo de liquidação.
Pepe Guardiola, treinador do Manchester City
O ex-futebolista e ícone do Barça, atualmente à frente da equipa inglesa do Manchester City, foi titular de uma conta corrente na Banca Privada de Andorra (BPA) até 2012, tendo-a regularizado graças a uma amnistia fiscal concedida por Mariano Rajoy. Regularizou quase meio milhão de euros mediante o pagamento de 10% sobre os juros que os seus fundos tinham gerado nos quatro anos anteriores e que não estavam previstos. A conta bancária foi aberta para Guardiola receber o seu salário como jogador de futebol no Al Ahli, clube do Qatar em que jogou entre 2003 e 2005, mas manteve-a aberta e sem a declarar ao Tesouro enquanto dirigia o clube de futebol de Barcelona.
Claudia Schiffer, modelo
A antiga modelo alemã é beneficiária da 51 Red Balloons Holdings Limited e The Roxy Trust, entre outras estruturas estabelecidas nas Ilhas Virgens Britânicas para administrar os direitos da sua marca. A modelo está listada nos documentos com o seu nome de casada, Claudia De Vere Drummond, e os seus representantes afirmam que tem os impostos em dia no Reino Unido, onde mora.
Elton John, cantor
O cantor e compositor britânico é dono de mais de uma dúzia de empresas registadas nas Ilhas Virgens Britânicas para canalizar os rendimentos provenientes de diferentes atividades e conta com o marido, David Furnish, como diretor em todas as offshore. Os seus representantes alegam que as empresas são tributadas no Reino Unido e que não foram usadas para reduzir o pagamento de impostos.
Ringo Starr, músico e baterista dos Beatles
O antigo baterista dos Beatles, Ringo Starr criou duas empresas nas Bahamas, usadas para comprar imóveis, incluindo uma casa particular em Los Angeles. Um mínimo de cinco trusts panamianostambém aparecem nos Pandora Papers: três deles são de seguro de vida que têm os seus filhos como beneficiários e outro tem a receita de royalties e apresentações ao vivo.
Julio Iglesias, cantor
O nome do cantor romântico espanhol está associado a 20 empresas criadas e administradas por uma prestadora de serviços offshore nas Ilhas Virgens Britânicas. Julio Iglesias usou cinco empresas para adquirir cinco propriedades em Indian Creek, a procurada ilha de Miami conhecida como “Billionaire Bunker”. O cantor usou outras seis empresas para adquirir seis propriedades mais modestas no bairro de Surfside, todas perto da entrada de Indian Creek, por um valor total €3,45 milhões. Além das casas, também é proprietário de um avião particular, um G-450 Holding Limited. No total, Iglesias é beneficiário de 20 empresas – 16 delas, com a sua mulher, a holandesa Miranda Rijnsburger, e outras quatro que estão apenas em seu nome.
Miguel Bosé, cantor
Nascido na Panamá e a morar no México, o cantor espanhol é acionista de uma empresa no Panamá ligada a um banco suíço, a Union Bancaire Privée de Genebra e, em Espanha, acumula problemas com a autoridade tributária. O nome surge nos certificados de ações da empresa offshore da Dartley Finance em 2016, enquanto Miguel Bosé residia no Panamá. A empresa, ainda ativa, já existia desde 2006, mas até então era controlada por ações ao portador, instrumento que permitia não registar o nome do real proprietário da empresa.