Mais de 250 mensagens entraram, umas atrás das outras, no telemóvel de Carlos Moedas, logo após as duas horas da manhã de segunda-feira, assim que se soube que a coligação de centro-direita tinha conquistado ao PS o município de Lisboa. Grande parte das SMS de felicitações, vindas de vários cantos do País e da Europa, principalmente de quem com o social-democrata trabalhou quando este passou pelo governo e por Bruxelas, ainda estava por responder a meio da tarde do primeiro dia, já como presidente eleito da câmara da capital. A vitória do engenheiro civil de 51 anos, que se revelou naquele que ficou conhecido como o “governo da Troika”, apanhou de surpresa toda uma direita que, ao acordar da mais longa noite eleitoral dos últimos anos, passou a ver em Moedas o rosto da mudança e um sinal de que um regresso ao poder nacional já esteve bem mais longe. Numa semana em que, na Alemanha, a família política do autarca lisboeta perdeu terreno, da Europa também veio um sinal de esperança, como foi o caso das palavras enviadas por telemóvel pelo primeiro-ministro grego, Kyriákos Mitsotákis.
Se, em 2011, a chegada de Carlos Moedas a secretário de Estado Adjunto e a indicação para comissário europeu, no final de 2014, foram uma aposta do então líder do PSD, Passos Coelho – que à VISÃO disse não estar disponível para comentar esta vitória do seu ex-colaborador, por querer manter-se afastado dos holofotes políticos –, agora, a conquista da principal câmara do País é o primeiro grande feito de Moedas, encarado como um volte-face nas probabilidades que lhe eram apontadas ao longo das últimas semanas. Algo semelhante, com as devidas distâncias, à chegada a deputado por Beja, em 2011 – depois de 16 anos em que o PSD não teve qualquer parlamentar eleito por aquele círculo. O resultado inesperado terá deixado atónita a própria família, já que, no dia seguinte às eleições, as rotinas tiveram de ser alteradas à última hora – a começar pela dos três filhos.