A iniciativa do banco Santander em pintar o seu logótipo nas redes sociais com as cores do arco-íris – em sinal de apoio à luta contra a discriminação da comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgénero) – motivou desde segunda-feira uma avalancha incomum de carateres nas caixas de comentários da instituição (que se dividiram entre o apoio e a censura). Dois dirigentes do CDS-PP colocaram-se em lados opostos da barricada, depois de João Pedro Dias, Conselheiro Nacional do partido e membro do MEL – Movimento Europa e Liberdade, ter comentado no Facebook que a ação do Santander era “um bom motivo para deixar de ser cliente [do banco]”. “Que fiquem com os gays”, escreveu ainda.
O comentário do investigador e comentador aveirense, que já colaborou com vários órgãos de comunicação social e é autor do livro “A Europa Ameaçada”, não passou despercebido e foi esta terça-feira exposto à crítica no Twitter por Miguel Baumgartner, secretário da Comissão Política distrital de Viseu do CDS-PP. O democrata-cristão luso-alemão recordou que João Pedro Dias “tem responsabilidades políticas, já para não falar das morais”. “Como dirigente do CDS, como militante e como cidadão, não posso tolerar este tipo de comentário”, acrescentou.
Baumgartner foi ainda mais longe e considerou que João Pedro Dias “não representa” o partido. “Não podemos (…) deixar que, dentro da nossa casa (partido), existam pessoas intolerantes, homofóbicas e sem qualquer tipo de urbanidade. Não é com estas pessoas que o CDS fará o seu caminho dentro da direita moderada”, escreveu naquela rede social de mensagens curtas.
O episódio do Santander surge já depois de várias as empresas, instituições e figuras públicas se terem aliado à iniciativa e às cores do arco-íris. O tema regressou recentemente à agenda mediática à boleia do Euro2020, depois de a autarquia de Munique, liderada pelo social-democrata Dieter Reiter, ter anunciado que iria iluminar o estádio Allianz Arena – que recebe na quarta-feira (20h) o jogo entre as seleções da Alemanha e da Hungria –, como forma de manifestar o apoio à comunidade LGBT húngara, depois da aprovação pelo Governo liderado pelo líder nacionalista, conservador e eurocético Viktor Orbán de uma lei anti-LGBT naquele país.
A intenção da autarquia de Munique foi entretanto rejeitada pela UEFA, mas como resposta Dieter Reiter anunciou esta terça-feira que vai decorar vários edifícios da cidade com as cores do arco-íris durante a partida, como um sinal claro “à Hungria e ao mundo” contra a discriminação das minorias sexuais. Vários clubes que atuam na Bundesliga (o principal campeonato alemão de futebol) já anunciaram que também se vão associar à ação.