A embaixadora e ex-deputada socialista ao Parlamento Europeu, Ana Gomes, apresentará a sua candidatura à Presidência da República esta quinta-feira, 10, um dia depois da apresentação da candidatura da bloquista Marisa Matias. Menos de quatro meses depois de, a 17 de maio, na SIC, ter admitido que poderia pensar nessa possibilidade, Ana Gomes, considerada uma desalinhada do “costismo”, dentro do PS, acaba a sua reflexão. A antiga embaixadora em Jacarta, que ficou mais conhecida dos portugueses pelo seu firme e intenso trabalho diplomático em prol da causa de Timor-Leste, declarou ter refletido em conjunto com o seu marido, o também embaixador António Franco (e antigo chefe da Casa Civil do Presidente Jorge Sampaio) mas que, com a morte recente deste, ficou a refletir sozinha. A conclusão é: “sim, sou candidata”.
Em maio, logo após o “momento Autoeuropa”, quando António Costa, ao lado do Presidente da República, como que anunciou a recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa – “daqui a um ano espero visitar novamente a Autoeuropa, com o senhor Presidente, e espero que tenhamos tempo para almoçar” – Ana gomes declarou-se chocada: “Nunca se tinha visto o lançamento de uma recandidatura presidencial, numa fábrica de automóveis, por alguém que não estava ali na qualidade de dirigente partidário, mas sim na de primeiro-ministro, e num contexto em que o PR tinha acabado de se ingerir, de forma bastante criticável, nos assuntos do Governo [sobre uma injeção de capital no Novo Banco]”.
Serei Candidata!
O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, já exigiu uma candidatura na área do PS. Ela aí está…
Na altura, Ana Gomes declarou-se favorável a uma candidatura da área socialista, até para que o debate não fosse polarizado entre Marcelo e a extrema-direita. Por falar nisso, o anúncio de Ana Gomes já suscitou uma violenta e algo nervosa reação de André Ventura, que, a pretexto de “uma metáfora” lhe chamou a “candidata cigana”, escrevendo, nas redes sociais, que se trata da pior candidatura de sempre a Belém, e chamando histérica à nova adversária. Consciente de que há áreas em que Ana Gomes lhe disputa os argumentos, como a da corrupção, Ventura teve necessidade de esclarecer que esta candidatura está no campo precisamente oposto à sua. E que se demite da liderança do Chega se ficar atrás de Ana Gomes.
Outras figuras, como os socialistas Francisco Assis e Daniel Adrião, para além do advogado Ricardo Sá Fernandes e do professor universitário Nuno Garoupa, anunciaram, num ou noutro momento, o seu apoio a Ana Gomes. Carlos César, antigo líder parlamentar do PS, por seu turno, diz que “só numa situação limite” votaria em Ana Gomes. Resta saber qual será a posição do ministro Pedro Nuno Santos, que já reclamou, em entrevistas à RTP e à VISÃO, a necessidade de uma candidatra na área socialista, declarando-se disposto, na sua falta, a votar num candidato bloquista ou comunista, em vez de dar o seu voto a Marcelo.