“Ninguém me falou disso e considero um ato de grande sensatez ninguém ter falado comigo. Evidentemente, que não estou a desconsiderar as pessoas que possam pensar em mim, mas tenho o direito de ter a minha vida e querer utilizar os anos que ainda tenho em condições para aproveitar o meu tesouro, que é a minha família.” É desta forma, categórica, que António Bagão Félix adianta, em declarações à VISÃO, que não será candidato à Presidente da República no próximo ano. Ao mesmo tempo, o ex-ministro nos governos de José Manuel Durão Barroso e de Pedro Santana Lopes defende que Adolfo Mesquita Nunes é “um homem inteligente, culto e que pensa por ele próprio”, fatores que, diz, tornariam um eventual avanço “interessante”.
A posição do antigo governante – que teve a seu cargo as pastas da Segurança Social e das Finanças – surge dois dias depois de o seu nome ter sido aventado na reunião da Comissão Política Nacional do CDS-PP, como avançou a edição online do Expresso. Bagão Félix agradece a quem equacionou a hipótese, mas sai de cena. “Estou completamente fora. Não tenho qualquer perspetiva [de ser candidato a Belém]. Quero escrever, viver para as minhas netas, para as minhas filhas, para a minha mulher…”, enfatiza. “Além de que nunca tive essa apetência, que, aliás, o atual Presidente tem”, prossegue.
Em todo o caso, Bagão Félix reconhece haver um espaço por preencher no centro-direita, como Miguel Morgado (ex-deputado e antigo assessor político de Pedro Passos Coelho) e Carlos Guimarães Pinto (antigo presidente da Iniciativa Liberal) já disseram à VISÃO. “Percebo o dilema de alguma direita e do CDS [partido de que sempre esteve próximo, sem se filiar] em particular. Este Bloco Central institucional, no sentido de um ticket Marcelo-Costa, não é o melhor para o País”, diagnostica.
“O meu receio é que esta aproximação natural – não estou a criticar -, este namoro constante [do Chefe do Estado] com o Governo do PS leva a que haja um sentimento de orfandade de alguma direita”, nota Bagão, alertando para “o perigo dos populismos nas franjas”. Assim, afirma, “se puder haver algum candidato da direita moderada e democrática, eu acharia interessante”.
A solução seria Adolfo Mesquita Nunes, vice-presidente dos centristas nos tempos de Assunção Cristas? “Conheço-o mal, mas é um homem inteligente, culto e que pensa por ele próprio, valor que é tão escasso na política”, salienta. “Até do ponto de vista da dirieta inteligente é um nome a ser tido em conta. Até nesta lógica de travar a candidatura mais radical da direita seria interessante”, reforça. O ex-secretário de Estado do Turismo, realça ainda a rematar, “tem atributos que devem ser considerados”.