Esta posição foi assumida na parte final do discurso de 42 minutos com que António Costa abriu o 22º Congresso Nacional do PS, em que também se demarcou dos caminhos propostos pelos partidos à sua esquerda.
Na questão da redução da dívida, o líder socialista começou por deixar uma crítica implícita a quem defendia uma renegociação unilateral junto dos credores internacionais, afirmando que o seu Governo se recusou a enfrentar esta questão “com bravatas, mas, antes, com uma gestão rigorosa das finanças públicas”.
“Temos o menor défice orçamental desde o início da nossa democracia, começou-se a reduzir a dívida, o que permite baixar os juros, mobilizando dinheiro para onde ele deve ser investido, que é em melhor saúde, educação e melhores serviços públicos em Portugal. Se há algo que nos devemos orgulhar nestes dois anos e meio é que acabámos com o mito de que em Portugal é a direita que sabe governar a economia e as finanças públicas”, disse, recebendo uma prolongada salva de palmas.
António Costa contrapôs que “o PS é o partido que melhor governa a economia e as finanças públicas”.
São os cidadãos que definem as metas eleitorais
O secretário-geral do Partido Socialista afirmou também que quem define as metas eleitorais são os cidadãos, mas nada disse sobre o eventual pedido de uma maioria absoluta nas eleições legislativas de 2019.
“(…) Quanto a metas eleitorais, quem as define são os cidadãos, não são os políticos”, afirmou António Costa, na Batalha, distrito de Leiria, ao chegar à Exposalão, onde decorre até domingo o 22.º Congresso Nacional do PS.
Referindo que “os políticos podem ter desejos, mas aquilo que conta é o que os cidadãos decidem”, o dirigente socialista continuou: “O meu desejo não é muito original, é o desejo de qualquer político”.
À pergunta se vai pedir uma maioria absoluta nas legislativas de 2019, António Costa apenas disse que “qualquer político o que deseja é ter o melhor resultado possível”.
“O que importa é o desejo dos cidadãos, não interessa nada o meu desejo”, declarou o secretário-geral, enquanto fazia um compasso de espera para poder exercer o direito de voto para a presidência do partido, mesa do congresso e comissões de honra de verificação de poderes, dado que se enganou no número de militante.
À pergunta se enganar-se nos números é um bom ou mau presságio, António Costa respondeu que “às vezes a memória não é fácil”.
“Baralhei o número de militante. Julgava que era menos antigo do que aquilo que sou”, justificou depois.
À pergunta se faltava a este propósito uma medida ‘Simplex’, o dirigente socialista respondeu que “o número tem que estar certo”. “Se dou um número errado o sistema não aceita, é normal”.
Sobre o congresso, declarou que “vai correr bem seguramente”.
“Este é um congresso mais para debater uma visão estratégica para o futuro”, reiterou António Costa, lembrando a realização de duas convenções, uma sobre a Europa e outra para aprovar o programa eleitoral para as legislativas do próximo ano.
Segundo António Costa, nessas alturas o partido terá “uma discussão mais concreta”.
“Agora é uma boa oportunidade para podermos discutir aquilo que raras vezes se pode discutir em política, que são os grandes desafios de médio e longo prazo”, acrescentou.
Legalização da eutanásia como forma de “alargar a liberdade”
António Costa, defendeu ainda que a aprovação da despenalização da eutanásia será mais uma forma de alargar a liberdade pela qual os socialistas lutaram desde a fundação do partido.
Na sua intervenção inicial perante o 22.º Congresso do partido, António Costa salientou que o PS se fundou na batalha pela liberdade e é esse valor que faz com que “nenhum português tenha duvidas em saber o que é o PS e onde está o PS”.
“Podemos dizer que estamos onde sempre estivemos com a mesma convicção que podemos dizer que estaremos exatamente onde estamos”, assegurou.
O secretário-geral apontou como exemplos de alargamento da liberdade defendido pelo PS a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez, a legalização do casamento e adoção de pessoas do mesmo sexo e, agora, a despenalização da morte assistida.
“Há novas oportunidades de alargar esse espaço, respeitando a consciência de cada um, não impondo a ninguém qualquer comportamento, mas assegurando a todos que o queiram ter uma morte digna e poder recorrer à eutanásia, como na próxima semana defenderemos na Assembleia da República”. afirmou.
Lusa