O que é que a Islândia, a Nova Zelândia e Portugal têm em comum? Além de serem países junto ou rodeados de mar, são também os mais pacíficos do Mundo. Será apenas uma coincidência?
O estudo Global Peace Index concluiu que, de acordo com os dados mais recentes, que o Mundo está mais em paz este ano, em comparação ao ano passado. Isto porque, desde 2016, 93 países registaram altos níveis de paz. Por outro lado, literalmente o oposto, 68 pioraram. Contudo, estes valores resultam numa melhoria da paz mundial, “impulsionada sobretudo por níveis mais baixos de terror patrocinado pelo estado – execuções extrajudiciais e tortura – e a retirada prévia de forças militares do Afeganistão”, segundo o relatório.
Invicta desde 2008, a Islândia continua a levar a medalha de ouro como o país mais pacífico do mundo. A prata vai para a Nova Zelândia que destronou a Dinarmarca e Portugal surge em terceiro lugar, posição que pertencia antes à Áustria.
Portugal, há menos de cinco anos, ocupava a décima sexta posição e a ascenção meteórica deveu-se à recuperação que a economia portuguesa têm vindo a registar, fruto da estabilidade interna geral.
Esta é já a 11.ª edição do Global Peace Indez, que é anualmente publicado pelo Institute for Economics and Peace (IEP), um centro internacional de estudos sobre desenvolvimento humano. O relatório avalia 23 indicadores, como o número e duração de conflitos internos e externos, a taxa de homicídios, a possibilidade de manifestações violentas e o grau de militarização.
Também classifica as nações numa escala de um a cinco, onde o número um representa mais proximidade do estado de paz e o número cinco, mais distanciamento.
O index descreve que vários países europeus registaram um declínio nos níveis de Paz Positiva – uma medida de atitudes, estruturas e instituições que mantém a paz – e que esse conincide com o crescimento dos partidos políticos populistas. Os maiores decréscimos foram notados na Itália, França e Espanha.
“O crescente papel dos partidos populistas em famosos políticos europeus é refletido contra um panorama de Paz Positiva deteriorada, especificamente em termos de desafios persistentes para a livre circulação de informação, níveis de corrupção e aceitação dos direitos de outros. Sem abordar estas causas subjacentes à paz não será possível construir mais sociedades pacíficas”, refere Steve Killelea, fundador e presidente executivo do IEP.
Segundo o relatório, o número de países atingidos por um número recorde de mortes por terrorismo disparou para um pico histórico de 23, incluindo a Dinamarca, a Suécia, a França e a Turquia.
O estudo avalia também o impacto que as agitadas eleições presidenciais dos Estados Unidos do ano passado tiveram. O aumento do terrorismo e da criminalidade dos Estados Unidos deixam o país na posição 114ª, tendo caido 22 lugares em relação ao ano transacto. Assim, a América do Norte foi a região do mundo com a maior queda em matéria de tranquilidade.
“Enquanto a verdadeira extensão da polaridade politica nos Estados Unidos demorará anos a ser completamente realizada, a sua influência nociva é já evidente. As condições subjacentes ao aumento da desigualdade, aumentando as perceções de corrupção, e a queda da liberdade de imprensa são fatores que contribuíram para este declínio nos Estados Unidos, resultando na diminuição global da paz na região da América do Norte”, explica Killelea.
No que diz respeito ao Médio Oriente, os lugares onde nenhum país deseja estar, são ocupados pelo Afeganistão, Iraque, Sudão do Sul, Iémen e, por último, a Síria. Nos últimos 10 anos, a Síria desceu 64 lugares. “O impacto global económico de violência ascendeu a 14,3 mil milhões de dólares ou 12.6% do PIB mundial, e é muito maior em menos países pacíficos, custando o equivalente a 37% do PIB nos 10 países menos pacíficos”, lê-se no estudo.
Entre 2014 e 2015, o número global de mortes do terrorismo decresceu 10%, mas houve países que atingiram altos níveis de terrorismo: Dinamarca, Suécia, França e Turquia. Com os ataques terorristas que a França tem vindo a sofrer, o país caiu cinco lugares na classificação geral para 51º. Em termos gerais, o aumento mais significativo em mortes de terrorismo verificou-se em países da OCDE, que em conjunto sentiram um aumento de 900% entre 2007 e 2016.
“Apesar deste ano estar a ser animador, o mundo ainda se encontra à mercê do conflito no Médio Oriente, da instabilidade política nos Estados Unidos, dos fluxos de refugiados e do terrorismo na Europa. Quando combinados com o aumento do nível de desigualdade de paz, em que os países menos pacíficos estão a afastar-se dos mais pacíficos, o cenário final é aquele em que inúmeras melhorias na paz não são garantidas”, concluiu o presidente executivo do IEP.