Menos crescimento económico, degradação das condições económicas, inversão da trajetória de crescimento do investimento, quebra nas exportações, aumento do desemprego. Parece um filme de terror, mas os dados divulgados pelo PSD não se ficam por aqui. Continua: perda de postos de trabalho, revisão em baixa das projeções para o crescimento e para o investimento e em alta para o défice, aos olhos do Banco de Portugal, da OCDE e do FMI.
Os sociais-democratas chamam a atenção para o aumento de 0,2% do desemprego e para a perda de 48 mil postos de trabalho; para o recuo do investimento (2% no primeiro trimestre, em relação a 2015) e das exportações (um crescimento de apenas 2,4% no primeiro trimestre, quando em 2015 foi de 5,2%).
No hemiciclo, Telmo Correia, do CDS, referia estes e outros elementos: “a dívida não desce abaixo dos 3%”, “a produção industrial desceu” e o “investimento público caiu 28%”.
Enquanto isso, a líder do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, congratulvava-se com a governação do PS, apoiada pelo BE e pelo PCP, e com a devolução da dignidade às pessoas”. Na bancada do lado, Jerónimo de Sousa ouvia, do social democrata Aguiar Branco, a difícil pergunta: “O que diria [deste cenário político] o Dr. Álvaro Cunhal?”. Prosseguiu: “ser comunista é estar sempre atento a todas as desigualdades e injustiças”. E, referindo-se ao apoio que o PCP tem dado ao governo e às alianças assinadas para a constituição da “geringonça”, o ex-ministro do PSD caracterizava o PCP como “mais um no palco da política (…) uma muleta, para mera satisfação do poder pelo poder”, para concluir com uma pergunta: “Onde estão os comunistas? Devolvam o PCP ao Parlamento!” Apesar dos risos na bancada do PCP, Aguiar Branco tocou lá onde dói, aos comunistas.
Ainda o debate não ia a meio, a Comissão Europeia abria um processo inédito que poderá levar à aplicação de sanções a Portugal. A líder do BE, Catarina Martins, reagiu de imediato: “É preciso contestar as sanções, abrir o processo de reestruturação da dívida pública, defender o emprego. Ceder à pressão europeia é falhar o mandato desta maioria. Não o podemos fazer. O caminho será difícil sim. Mas aqui estamos para o fazer”.
Mesmo com o ministro Pedro Marques a dar conta do investimento e da consequente criação de postos de trabalho, os números apresentados não são animadores. “O Estado da Nação é miope””, resumia André Silva, do PAN. “A única coisa que está a correr bem é mesmo a alegria da nossa seleção”, disse a líder do CDS, Assunção Cristas.
Assim vai a Nação.