O acordo que celebrou com o PS, na sua substância, está quase esgotado. Muitas das medidas – aumento do salário mínimo, reposição dos feriados e das 35 horas na função pública ou a tarifa social de eletricidade, para citar algumas – foram concretizadas nestes seis meses de governação. A partir de agora a geringonça vai trabalhar sem guião?
O acordo diz que não haverá nenhuma privatização. A pressão europeia para que haja privatizações vai ser muito grande. O acordo diz que o salário mínimo tem de subir 5% ao ano até chegar aos 600 euros: a pressão para que não suba vai ser grande.
Então a geringonça vai funcionar na defesa do que já foi decidido?
Esta era a primeira parte da minha resposta. O acordo parte do princípio de que estamos aqui para recuperar rendimentos de quem vive do seu trabalho. E para que isso aconteça, as coisas não podem ficar todas na mesma no próximo Orçamento do Estado. Há problemas graves que temos de discutir. Eu elencaria três. O dos pensionistas, a quem conseguimos evitar os cortes, mas o descongelamento foi mínimo face à inflação. A progressão salarial: se a contratação coletiva não avança, pessoas que estão a trabalhar há vários anos começam a ganhar o salário mínimo à medida que este avança. Depois há outro problema gigantesco, chamado emprego.