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Inês Rapazote
“Muito emocionado” ou “muito emocionante”, o segundo dia de Marcelo Rebelo de Sousa começou com um teste à sua capacidade de não se emocionar… demasiado.
Na Praça dos Heróis Moçambicanos, o Presidente, recebido pelo ministro da Educação, Jorge Ferrão, e pela governadora da cidade de Maputo, Iolanda Cintura, depôs uma coroa de flores no monumento. O momento, solene, foi seguido pelo cumprimento de duas dezenas de heróis, trajados a rigor com o fato da Associação De Antigos Combatentes da Luta de Libertação Nacional. Satisfeitos com a visita, declararam-se “muito contentes por estarmos aqui a receber o Presidente Marcelo, que é nosso pai [termo usado com pessoas por quem se tem respeito] e nosso irmão.”
À volta da rotunda onde se encontra o monumento, vários grupos de dança e canto de Maputo esperavam Marcelo. A maioria eram mulheres, chamadas a participar pelo partido, cujo chefe estava impresso em algumas t-shirts e capulanas. “Como se chama o Presidente?”. A palavra “Marcelo” foi incluída em vários cânticos, mas camuflada pela tonalidade dos vários dialetos. Um grupo cantou em português e fez furor com o seu “Boas vindas ‘de Sousa’/boas vindas ‘de Sousa’/ Boas vindas ‘de Sousa, à chegada a Moçambique/ Como está em Portugal? Como está em Portugal?/ Como está em Portugal? Nós estamos bem de saúde”.
Um grupo de militares, do comando das unidades cerimoniais, dançou, de arma de madeira na mão, até as depôr aos pés do Presidente. Havia outro, com trajes tribais, outro ainda da Organização das Mulheres Moçambicanas (da Frelimo), com Josina Machel impressa nas capulanas, e outros tantos de jovens e crianças. Todos convocados “para receber o nosso visitante.”
Marcelo estava emocionado. Estava afável, mas sem descompor a sua posse de Estado. Sorriu muito, aplaudiu, mas não distribuiu beijos nem abraços. Nem a agenda o permitia. Marcelo, Presidente, tinha um papel a cumprir. E esse, passa por olhar para um Moçambique de futuro, não do passado.