A ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, será este ano uma das presenças portuguesas nos encontros de Bilderberg que terão lugar no mês de Junho, em Dresden, na Alemanha. A informação foi confirmada à VISÃO pela própria ex-ministra, que não quis, de qualquer forma, tecer comentários sobre uma reunião que está sempre envolta em algum secretismo.
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Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa
Foto: Nuno Botelho
Fernando Medina, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, é outro dos nomes convidados por Durão Barroso para participar em nome de Portugal.
Os encontros de Bilderberg nasceram em 1954 e reúnem, todos os anos, os líderes mais influentes da Europa e dos Estados Unidos da América. Membros dos Governos, especialistas em defesa, banqueiros, economistas, membros das casas reais ou empresários dos meios de comunicação social formam um leque de influências que fazem de Bilderberg um dos palcos privilegiados de definição de políticas a nível mundial.
Francisco Pinto Balsemão é membro permanente deste grupo e era a ele que cabia, habitualmente, a tarefa de selecionar e convidar os portugueses que marcam presença nos encontros. No ano passado, Balsemão decidiu abandonar a direcção do Clube de Bilderberg e passar o testemunho ao ex-presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso. “Achei que era altura de dar lugar a outro português”, disse então, sem mais explicações, o militante número 1 do PSD, que cumpriu oito mandatos de quatro anos, tornando-se um dos membros mais antigos do comité.
As reuniões do “governo-sombra mundial” começaram na Holanda, em 1954, no Hotel Bilderberg e, desde então, já foram muitos os portugueses que lá marcaram presença. José Sócrates e Pedro Santana Lopes, em 2004. Ou António Costa e Rui Rio alguns anos depois. Num local onde é feito lóbi ao mais alto nível, Bilderberg é sempre visto como um palco de lançamento para uma carreira promissora em Portugal. As figuras escolhidas são, normalmente, pessoas que tenham influência ou possam vir a tê-la, seja como chefes de Governo ou líderes da oposição. Tirando Passos Coelho, que apesar de convidado não chegou a participar, os últimos primeiros-ministros portugueses passaram todos por Bilderberg: António Guterres, Durão Barroso, Pedro Santana Lopes, José Sócrates e António Costa. Em 2013, António José Seguro e Paulo Portas estiveram juntos. Marcelo Rebelo de Sousa, Manuela Ferreira Leite, Vítor Constâncio, Teixeira dos Santos ou Ricardo Salgado foram outros dos nomes que marcaram presença em Bilderberg.
Dado o percurso de quem normalmente é escolhido para estas reuniões, fica a questão: estará Maria Luís Albuquerque na calha para suceder a Passos Coelho? E Fernando Medina a António Costa?
Em Dresden, entre 9 e 12 de junho, os membros de Bilderberg reunir-se-ão em ambiente informal, com segurança apertada e onde a discrição será palavra de ordem. É que nestas reuniões existe uma espécie de acordo de cavalheiros entre convidados para que os temas discutidos ou a lista de participantes não sejam transmitidos. Com mais de 100 participantes nem sempre esse secretismo é possível de manter, mas há uma reunião de duas horas apenas com o núcleo duro de Bilderberg onde informação confidencial é tratada ao mais alto nível.
Os portugueses de Bilderberg
1983: Bernardino Gomes, Rogério Martins e José Luiz Gomes
1984: André Gonçalves Pereira e Rui Vilar
1985: Torres Couto e Ernâni Lopes
1986: Leonardo Mathias e Artur S. Silva
1987: José Eduardo Moniz e Faria de Oliveira
1988: Vítor Constâncio e Lucas Pires
1989: Rui Machete e Jorge Sampaio
1990: João de Deus Pinheiro e António Guterres
1991: Carlos Monjardino e Carlos Pimenta
1992: António Barreto e Roberto Carneiro
1993: Nuno Brederode Santos e Faria de Oliveira
1994: Durão Barroso e Miguel Veiga
1995: Mira Amaral e Maria Carrilho
1996: Margarida Marante e António Vitorino
1997: António Borges e Galvão Teles
1998: Vasco Pereira Coutinho, Marcelo Rebelo de Sousa e Miguel Horta e Costa
1999: Ferreira do Amaral, João Cravinho, Marçal Grilo, Vasco de Mello, Murteira Nabo, Ricardo Salgado, Jorge Sampaio, Artur S. Silva e Nicolau Santos
2000: Teresa Patrício Gouveia
2001: Guilherme d’Oliveira Martins e Vasco Graça Moura
2002: António Borges e Elisa Ferreira
2003: Durão Barroso e Ferro Rodrigues
2004: P. Santana Lopes e José Sócrates
2005: Nuno Morais Sarmento, António Guterres e Durão Barroso
2006: Aguiar Branco e Augusto Santos Silva
2007: Leonor Beleza e Durão Barroso (não confirmado)
2008: Rui Rio e António Costa
2009: Manuela Ferreira Leite e Manuel Pinho
2010: Paulo Rangel e Teixeira dos Santos
2011: António Nogueira Leite e Clara Ferreira Alves
2012: Luís Amado e Jorge Moreira da Silva
2013: Paulo Portas e António José Seguro
2014: Paulo Macedo e Inês de Medeiros