No Congresso do PSD, que decorreu no passado fim de semana, em Espinho, Paulo Rangel subiu ao palanque para fazer uma proposta “fraturante”: “abolir a diferença entre portugueses com títulos [académicos] e portugueses sem títulos”, entre as “pessoas que são doutores, engenheiros e arquitetos e as restantes”. O “grande desígnio” proposto por Paulo Rangel surgia, perante uma multidão social-democrata, como uma forma de promover a mobilidade social.
Se a proposta do eurodeputado Paulo Rangel estivesse em vigor, o comunicado através do qual Belém anunciou a participação de Draghi e Costa no Conselho de Estado não teria feito distinção entre os dois. A nota refere-se ao presidente do BCE como “Mario Draghi” e ao governador do BdP como “Dr. Carlos Costa”.
O italiano – o primeiro estrangeiro a ser convidado para uma reunião do Conselho de Estado – não se ofenderá, certamente, já que nos meios e geografias por onde se move é assim que o tratam: Mario Draghi ou, no limite, Mr. Draghi ou Presidente. Convém, no entanto, esclarecer que Draghi não só é Dr., como Carlos Costa, mas é mais do que isso. Licenciado em Economia pela Universidade La Sapienza, de Roma, doutorou-se em 1977 (também em Economia) no MIT, pelo que, sgeuindo a lógica portuguesa, deveria ser tratado por Professor Doutor, ou simplesmente Professor (como Marcelo).
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esquerda.net
Na rua, será só “Draghi”
Quatro horas depois do início do Conselho de Estado, o Largo de S. Domingos, em Lisboa, há de reunir todos aqueles que, respondendo ao apelo do Bloco de Esquerda, se vão manifestar contra a vinda de Mario Draghi a Portugal.
Dirão, como é referido no evento criado no Facebook, que “Mario Draghi é um rosto da austeridade, da crise europeia e da perda de soberania democrática dos países do sul da Europa” e que, por isso, “não é bem-vindo a Portugal”.
“A austeridade tem de acabar e as imposições das instituições europeias não se sobrepõe à soberania democrática dos povos”, clamam os bloquistas, para os quais o presidente do BCE (seja ele Sr., Dr. ou Professor) “tem sido um dos responsáveis pela imposição de políticas austeritárias.”
A convocatória para a “receção digna do triste papel que tem na política europeia” está feita. O encontro, contra Draghi, “um rosto da austeridade, da crise europeia e da perda de soberania democrática dos países do sul da Europa”, está marcado para as 19 horas.