As mulheres estão a conquistar terreno nas Forças Armadas, mas não só continuam a ser uma minoria num mundo tradicionalmente de homens, como os postos mais altos da hierarquia ainda não são delas. Em breve, Portugal assistirá à primeira mulher a ocupar o posto de general, subindo à categoria máxima dos oficiais generais da Força Aérea, mas ainda no primeiro degrau.
O nome ainda não é revelado, mas João Rebelo, deputado do CDS que questionou recentemente o Governo sobre o número de mulheres na carreira militar, garante que será “uma das três” que neste momento ocupa o posto de coronel neste ramo.
Mais um passo em direção à “natural presença das mulheres nas Forças Armadas”, diz à VISÃO o deputado centrista. E mais um dado novo, numa altura em que Marcelo Rebelo de Sousa surpreendeu ao escolher pela primeira vez para assessora militar da Força Aérea na Presidência da República a tenente-coronel Diná Azevedo.
Os números enviados pelo Ministério da Defesa ao CDS, a que a VISÃO teve acesso revelam que apenas 11% dos efetivos militares são do sexo feminino, num total de 3260 mulheres, distribuídas pelo Exército (1522), Força Aérea (927) e Marinha (811). E a precariedade do vínculo às Forças Armadas continua a ser uma realidade para a maioria delas: nos quadros permanentes da carreira de oficial estão somente 586 elementos femininos, estando a grande maioria em regime de contrato.
João Rebelo não está pessimista. Diz que Portugal “tem feito o seu caminho, sobretudo com a profissionalização” e que tem que ser feita uma “aposta para que as mulheres participem mais ativamente, uma vez que a sua utilidade nas forças militares destacadas em conflito é muito importante”. “A relação do militar feminino com as populações é mais fácil, porque tende a haver uma maior confiança”, explica.
O importante agora, diz, é que “não existam portas fechadas às mulheres” e que a tendência para que participem em todas as fases e atividades das Forças Armadas não seja interrompida.