![SiteExtremaEsquerda.jpg](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/5/2019/11/7445148SiteExtremaEsquerda.jpg)
No dia em que acaba o programa diário Memórias da Revolução, que durou todo o verão (não tão quente) de 2015, à custa de pequenos vídeos com imagens de arquivo sobre aquela época de 1975, Luís Marinho, responsável pelo gabinete de projetos especiais da RTP, revela outro tesourinho. A partir de agora, dia 25 de novembro, é possível visitar o portal Extrema-Esquerda, Porque não Fizemos a Revolução? e consultar todo o material que lá existe – vídeos com entrevistas aos principais protagonistas, documentos inéditos e músicas da época. “Estávamos dispostos a dar a vida”, revela a procuradora Maria José Morgado, e atual diretora do Departamento de Investigação e Ação Penal, até 1975 militante do MRPP. “Tive muitas discussões com maoístas”, acrescenta a médica Isabel do Carmo, membro da Frente Patriótica de Libertação Nacional e das Brigadas Revolucionárias. Estes são alguns do depoimentos que se descobrem no site, no meio de outros igualmente surpreendentes do ex-Presidente da República Jorge Sampaio, do encenador Hélder Costa, do economista Francisco Louçã ou do historiador Fernando Rosas (há mais de 200 vídeos).
“A investigação profunda continua. Tudo o que lá se está encontra-se em constante crescimento. Esperamos muitos contributos de pessoas anónimas”, assegura Luís Marinho, sem deixar de referir a importante parceria com o Instituto de História Contemporânea e o Centro de Documentação 25 de Abril.
O historiador José Lopes Cordeiro mostra-se surpreendido com a qualidade do portal. “Nunca foi feito nada assim. Deparei-me com um manancial de informação incontornável para conhecer este período entre 1960 e 1980, com um epicentro entre 1971 e 76. Se isto não é serviço público…”. Além desta faceta, acrescenta o professor de História Contemporânea da Universidade do Minho, “desmistifica a sonoridade da palavra extrema-esquerda, que ainda hoje assusta muita gente.”
E como na altura em que a nossa Extrema-Esquerda esteve ao rubro, a música podia ser uma arma e era também uma forma fácil de fazer chegar a mensagem a mais pessoas, este portal reserva-lhe um espaço exclusivo. A investigadora Soraia Simões encontra uma linha orientadora comum no trabalho dos artistas desta corrente de pensamento e explica isso mesmo em vários vídeos. Ao mesmo tempo, dá para recordar temas como Alerta! de José Mário Branco (“pelo pão e pela paz e pela nossa terra, pela independência e pela liberdade”), Os Vampiros de Zeca Afonso (“eles comem tudo”), ou a Desfolhada Portuguesa, interpretado por Simone de Oliveira, a partir da letra de Ary dos Santos, entre mais uma dezena de canções revolucionárias.
Para já, este trata-se de um projeto que só permite navegar na net, mas quem sabe se, no futuro, despertará interesse para algum documentário a passar na televisão ou na rádio?