23h17:
No final da noite eleitoral da coligação, Paulo Portas falou primeiro. Disse que ninguém aprecia ouvir toda a gente dizer que ganhou na noite eleitoral. Teve palmas. Prometeu ler os resultados com entusiasmo e autenticidade. Disse que a coligação venceu com distância em relação ao segundo classificado e teve palmas de novo, misturadas com gritos de vitória.
A seguir, Portas lembrou que a coligação perdeu as eleições europeias há pouco tempo e disse que houve uma reconciliação parcial, não total, com o eleitorado. “Foi a primeira vez que uma coligação terminar uma legislatura”, referiu, orgulhoso. “Normalmente, os nossos partidos são chamados a governar quando a casa está a arder”, afirmou, para agradecer que, desta vez, a vitória tenha sido dada em fase de crescimento. “O povo falou, saberemos certamente honrar aquilo que o povo disse”.
Sobre o PS e Costa, Portas também falou para criticar “radicalismos” e lembrar o que aconteceu nas europeias quando os socialistas tiveram o mesmo resultado que agora. Palmas outra vez. “É tempo de compromisso e de equilíbrio”, concluiu.
Coube a Pedro Passos Coelho fechar a noite com a sua declaração de vitória. Começou quando o escrutínio dos resultados já estava nos 206, de 230, deputados (98 dos quais nas mãos da coligação). Eram 23h28. Ainda não tinham sido apuradas 32 freguesias.
Depois de felicitar todos os eleitos, o novo primeiro-ministro disse que não há equívocos sobre os vencedores. “Interpretaremos com muita humildade o resultado que nos confiaram. Não conseguimos chegar, como desejávamos, a uma maioria no Parlamento. Mas respeito profundamente a decisão que os portugueses tomaram. Não deixarei de fazer tudo o que está ao nosso alcance para governar para todos, procurando os compromissos indispensáveis”, assumiu Passos Coelho.
A seguir, o primeiro-ministro anunciou: “Iremos promover à convocação dos órgãos dos partido para formalizar o acordo de Governo que sempre esteve subjacente ao acordo de coligação. Nestes primeiros dias da semana faremos o passo indispensável para que se possa comunicar ao Presidente da República que a força política mais votada está disponível para formar Governo. Seria estranho que quem ganhasse não pudesse governar”.
Num recado ao PS, Passos repetiu que quer seguir no caminho da recuperação económica, do emprego e das remunerações dos portugueses. Falou na necessidade de manter a disciplina e rigor das contas públicas, mas também disse que era indispensável procurar a recuperação do rendimentos, o que é necessário para se poder abandonar as medidas da austeridade. “Para trás foi ficando a emergência financeira que estamos a ultrapassar”, disse Passos, recordando que será devolvida parte da sobretaxa de IRS e será suavizada a carga fiscal.
O discurso continuou focando ‘promessas’ eleitorais e terminou com uma palavra aos que não votaram na coligação: “No que nos diz respeito, a campanha terminou e as nossas obrigações obrigam-nos a juntar todos os que querem construir um País melhor. Tomarei a iniciativa de contactar, em sede parlamentar, o PS para procurar entendimentos indispensáveis às reformas necessárias, com destaque para a da Segurança Social”.
E agora, Costa?
22h40:
Assim que António Costa começa a falar no Hotel Altis, a troupe social-democrata e centrista cala-se no Hotel Sana. Todos querem ouvir o líder do PS assumir a derrota dizendo que “não alcançou os resultados desejados” e que assume “a responsabilidade total”. Mas todos querem também saber o que responde Costa ao desafio de Jerónimo de Sousa, do PCP, para quem a esquerda teria condições para formar maioria.
O mais longe que António Costa vai é sublinhar que a coligação perdeu a maioria e que vai ter de adaptar-se ao novo quadro que existe na Assembleia da República, ao mesmo tempo que dá a conhecer as suas quatro condições (quiçá para contribuir para a estabilidade política ou para deixar Passos formar Governo): fim da austeridade, crescimento económico, aposta na ciência e inovação e respeito pelos compromissos europeus e internacionais.
No momento da sua declaração em que felicita os vencedores Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, a sala Alfama, do Hotel Sana, aplaude e ouve-se: “Seguro, Seguro!”
A esta hora estão apuradas mais de 96% das freguesias, o PS tem 69 mandatos, a coligação 86, o Bloco 14 e a CDU 12.
21h45:
A coligação está em compasso de espera. E enquanto não sabe se vai conseguir ter 115 deputados + 1 (o número mágico que lhe permitirá obter uma maioria de direita no Parlamento), mais dois dirigentes do PSD e do CDS, sobem ao palanque para prestar declarações sobre os resultados definitivos que vão sendo anunciados.
Jorge Moreira da Silva (PSD) usou o microfone para dizer que à medida que se vai recolhendo mais informação, torna-se evidente que foi uma “vitória clara, expressiva e significativa” da coligação PàF. “Vencemos e o PS ficou muito aquém dos seus objetivos eleitorais. É uma vitória contra todas as expectativas e que ninguém vaticinava há um ano. Vale a pena dizer que esta coligação perdeu as eleições europeias há menos de um ano”, recordou o ministro, saudando, por isso, “a maturidade democrática dos portugueses”.
Assunção Cristas (CDS) sublinhou que “os portugueses demonstraram quem queriam ver a governar o País” e concluiu que “quem ganha as eleições, governa”. Se dúvidas houvesse em relação ao que pensa o CDS por parte do Presidente, por exemplo, elas ficaram esclarecidas. “Ainda é cedo para termos os resultados finais, mas há um vencedor e um derrotado. O PS não atingiu nenhum dos seus objetivos, nem a maioria absoluta, nem a vitória. Há uma diferença muito significativa entre o primeiro e o segundo classificado nestas eleições”, disse a ministra da Agricultura.
Ao mesmo tempo, Pedro Passos Coelho e Paulo Portas vão permitindo às televisões que façam alguns momentos de bastidores, visitando brevemente o núcleo duro instalado no 12° andar do Hotel Sana. Numa dessas imagens, Passos surge descontraído, a ver televisão, acompanhado pelo ministro Rui Machete.
21h10:
Apesar da vitória, que parece ficar aquém do desejável para a PàF, ninguém arreda pé do quartel general da coligação. Nem os anónimos que vieram apoiar os seus partidos, nem os notáveis que fizeram questão de associar-se ao resultado. E ninguém daqui sai porque não há ainda números definitivos que permitam à dupla Passos e Portas respirar de alívio.
“É preciso resolver um problema de cada vez”, dizia um destacado social-democrata à VISÃO, defendendo que “a vitória está garantida” e que a maioria absoluta, ou não, é questão para um segundo momento.
Não havendo lugar para grandes euforias – só os mais jovens demonstraram esse estado de espírito quando as televisões começaram a avançar valores -, os sociais-democratas e os centristas divertem-se a comentar o futuro de António Costa. “Se fosse eu, saberia o que fazer”, assumiu um ex-dirigente do PSD.
20h02:
Durante dois minutos, a seguir a uma contagem decrescente até às 20h, os apoiantes da coligação que enchiam a sala Alfama, do Hotel Sana, gritaram “vitória” e “Portugal”. Muitos gritos e palmas denunciavam os resultados das primeiras projeções: a coligação à frente do PS em todos os cenários.
Sempre em dueto, coube a Marco António Costa (PSD) e a Nuno Melo (CDS) darem as primeiras palavras aos portugueses. “Todas as projeções apontam para o facto inequívoco de que a coligação PàF teve uma grande vitória nestas eleições, por isso, quero agradecer a todos os que nos confiaram o seu voto”, disse Marco António Costa, acrescentando que, se for chamada a governar, a coligação o fará para ” todos de forma global e comprometida”. Nuno Melo também pôs a tónica na forma clara como a PàF venceu e lembrou a “derrota ” de Costa, que “não perdeu por poucochinho”.
Nesta altura, apareceram juntos aos jornalistas os primeiros notáveis, como Marques Guedes, Aguiar Branco ou Poiares Maduro. Os líderes mantém-se no décimo segundo andar do hotel a aguardar a contagem de todos os votos e a distribuição de todos os mandatos para começarem a preparar os momentos que se seguem.
19h05:
Paulo Portas foi o primeiro a chegar, pouco passava das seis da tarde, ao Hotel Sana, em Lisboa, onde a coligação se juntará ao longo desta noite eleitoral. Por volta das sete, foi a vez de Passos Coelho entrar pela garagem, com a mulher, Laura Ferreira.
Minutos antes de o primeiro-ministro chegar, José Matos Correia (PSD) e Pedro Mota Soares (CDS) fizeram as primeiras declarações, tanto para mostrarem agrado pela participação eleitoral, como para criticarem o facto de António Costa, do PS, ter feito um apelo ao voto ainda antes de as urnas fecharem, nos Açores.
As primeiras reações sublinharam a “marca de cidadania” (Mota Soares) que os portugueses deixaram ao contribuírem para uma redução da taxa de abstenção. “Perceberam a importância deste ato eleitoral”, disse Matos Correia.
Além das críticas ao comportamento de António Costa, os elementos da coligação ainda falaram em “expectativa positiva” – palavras de Mota Soares. É o início da noite, no Hotel Sana.