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Planinova, edifício de escritórios no Parque Expo, em Lisboa. Acoradouro, condomínio residencial no Freixo, no Porto. Villas Décia, condomínio residencial em Leça do Balio, Matosinhos. Mercado do Bom Sucesso, Porto. São estes os quatro empreendimentos que as subsidiárias da área imobiliária do grupo Mota-Engil contrataram à WeBrand para serviços na área do branding, marketing e comunicação.
Segundo a administração, a agência de Cristina Ferreira recebe “valores variados” pelos trabalhos, “dependendo do tipo de serviços e material publicitário envolvido”. No caso do Bom Sucesso, o maior projeto de todos, o envolvimento da empresa referenciada em diversas campanhas do PSD abrange várias áreas, desde a conceptualização do conceito ao material promocional do espaço. A avença mensal é de 4200 euros e inclui a gestão do site e as multiplataformas envolvidas na comunicação.
Nos documentos da empresa relativos a 2012 que a VISÃO consultou no âmbito do Processo Especial de Revitalização (PER), entretanto suspenso, a WeBrand era credora de mais de 44 mil euros da Mercado Urbano, a subsidiária que gere o Bom Sucesso, e devedora da Mota Engil – Engenheiros e Construção, SA, num valor inferior a 23 mil euros. Com sede na Rua Calouste Gulbenkian, no Porto, a WeBrand habita um espaço de escritórios no edifício que era propriedade da Motadomus, sociedade do grupo que alienou as instalações à Caixa Leasing e Factoring, SA, em 22 de outubro de 2009, por 570 mil euros.
A Mota Engil e a WeBrand não têm apenas números e negócios em comum desde 2008. Por momentos, a atualidade uniu-as. E todos os caminhos vão dar a Gaia.
Ajustes diretos
A WeBrand estará na mira das autoridades por causa de ajustes diretos celebrados com o município e suspeitas relacionadas com as campanhas eleitorais de Menezes, entre outras. Por seu lado, a Mota Engil, embora desconheça a existência de qualquer investigação, tem sido referenciada no já chamado Gaiagate por causa de um negócio alegadamente lesivo para os cofres públicos, envolvendo a relação contratual da SUMA, a sua empresa de recolha de resíduos, com a Câmara de Gaia.
Quem aproveitou estes dias de coincidências foi Paulo Morais. Em artigo publicado no Correio da Manhã, o vice-presidente da Associação Cívica Transparência e Integridade apontou António Mota, líder do grupo Mota Engil, como o “empresário do regime” que “contrata políticos de todos os quadrantes” do arco do poder, de Jorge Coelho (PS) a Valente de Oliveira (PSD). O presidente da Mota Engil, refere, “financia campanhas políticas” e “relaciona-se intimamente com governantes”. O Presidente da República, Cavaco Silva, “apadrinha e preside às suas ações caritativas” e “o grupo confunde-se com o regime”.
No sábado, 20, no Jornal 2, da RTP, aquele dirigente da organização não-governamental Transparência Internacional, referindo-se ao negócio de Gaia, acusou o grupo Mota Engil de ser “useiro e vezeiro em prolongar contratos sem concurso público, apontando também o dedo ao ex-líder do PSD. “Luís Filipe Menezes saiu da Câmara de Gaia e vai ele próprio ter um gabinete na Mota Engil”, afirmou. “Não é verdade”, desmente o grupo.