Se houvesse um motivo para Lúcio Feteira dar voltas no túmulo seria este: os 15% do terço da fortuna do milionário deixados em testamento a Rosalina Ribeiro podem, afinal, acabar nos cofres do Ministério das Finanças. Entre os herdeiros, existem diferentes maneiras de olhar para este desfecho: para uns, trata-se de uma desfeita post mortem a quem manteve litígios acesos com o Estado quase até ao fim da vida; para outros, será uma forma enviesada de devolver à procedência uma pequena parte da riqueza que, a certa altura, foi amealhada à sombra dos favores da ditadura.
Nem por isso Vítor Gaspar deve entusiasmar-se. A julgar pelos mais recentes episódios desta novela interminável, o ministro bem pode esperar sentado, pois não deverá ver a cor do dinheiro da herança antes de o País começar a pagar a dívida à troika. De momento, porém, aguarda-se tão-só que o tribunal declare vago a favor do Estado o quinhão da falecida Rosalina – assassinada nos arredores do Rio de Janeiro, em finais de 2009 -, uma vez que os legatários da secretária do industrial de Vieira de Leiria figuram apenas como depositários de bens do património que não integram o acervo hereditário de Lúcio Feteira.
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