No último debate televisivo, antes das eleições presidenciais, que se realizam a 23 de janeiro, Manuel Alegre e Cavaco Silva estiveram prudentes, quanto a uma possível dissolução da Assembleia da República. Caso seja eleito, Manuel Alegre esperará por uma moção de censura, aprovada no Parlamento, antes de demitir o Governo. Ou, num caso extremo de convulsão social, também admite a possibilidade. Cavaco Silva alinhou pelo mesmo diapasão: “Enquanto o Gverno tiver a confiança da Assembleia da República”, não há razões para usar a “bomba atómica” da dissolução.
Cavaco fez duras críticas à administração nomeada pela Caixa Geral de Depósitos para o BPN. “Noutros países, como em Inglaterra”, disse o recandidato, “bancos em situação igualmente difícil foram recuperados. Não se percebe por que isso não aconteceu com o BPN, em Portugal”.
Os dois cadidatos divergiram, sobretudo, na forma como vêem a função presidencial, em matéria de política externa, com Alegre a reclamar uma voz mais afirmativa e Cavaco a contrapor que não é com gritos na praça pública que um Presidente deve atuar. O Estado Social, a Justiça e o caso das escutas em Belém foram outros temas abordados, num debate em que Cavaco teve as principais iniciativas de ataque ao adversário e Alegre preferiu um tom mais contido.
Entretanto, foram oficialmente aceites, pelo Tribunal Constitucional, seis dos nove candidatos inscritos no boletim de voto: Cavaco Silva, Defensor Moura, Francisco Lopes, José Manuel Coelho, Manuel Alegre e Fernando Nobre tinham o processo das respetivas candidaturas em ordem. De fora ficam Diamantino Maurício da Silva, Josué Rodrigues Pedro e Luís Botelho Ribeiro, que têm até ao último dia do ano para recorrer – embora não possam apresentar novas assinaturas de subscrição das candidaturas.
O sexto candidato, o madeirense José Manuel Coelho, do Partido da Nova Democracia, e feroz opositor de Alberto João Jardim, vai reclamar formalmente por ter sido excluído dos debates televisivos.