Menezes sublinhou que com esta exigência não quer dizer que Constâncio teve algo a ver com esses escândalos mas considerou que o governador do Banco de Portugal “foi contemporâneo deles” e nada foi feito para os impedir.
“Não digo que tenha tido algo a ver mas Jorge Coelho também nada teve a ver com a queda da Ponte de Entre-os-Rios e demitiu-se quando ela aconteceu”, disse.
O ex-líder social-democrata, que falava num jantar promovido pelo blogue “Porto Laranja”, reafirmou que o PSD necessita de um candidato às eleições europeias forte “visto já ser tarde para avançar com uma posição política diferenciada”, apontando o nome do “patrão” do grupo Impresa a fundador do partido, Francisco Pinto Balsemão.
“Ou então devemos ir à sociedade civil buscar alguém que se identifique com o PSD mesmo que nem sempre tenha votado nele. Porque não o presidente da CAP? Há um milhão de agricultores em Portugal”, acrescentou.
No jantar-debate, Menezes alertou para o perigo de “mexicanização do regime, com o PS como partido hegemónico e controlador de toda a sociedade fazendo acordos à esquerda e à direita para melhor governar”.
Essa mexicanização é possível “porque o PSD é hoje uma manta de retalhos com uma lógica de desunião permanente e só numa perspectiva mítica é que ainda se vê como alternativa. E porque não tem uma identidade estruturada”.
“Alguém sabe quais são as políticas educativa, económica ou externa do PSD?”, questionou.
Luís Filipe Menezes apontou o exemplo de união que considerou ter sido dado pelo PS no seu congresso para perguntar se alguém viu Marcelo Rebelo de Sousa ou Pinto Balsemão dar a cara pelo PSD nas vésperas de uma eleição.
“Normalmente vemos é o contrário”, lamentou, considerando que, contrariamente ao PS, o PSD “não é uma família”.
“Somos um conjunto desgarrado de grupos que de vez em quando se juntam em efemérides que o justifiquem”, disse, considerando que é por isso tudo que o PSD e o CDS, que em meados da década de 1980 valiam juntos cerca de 60 por cento dos votos nacionais, surgem nas últimas sondagens a somar 33 a 35 por cento do eleitorado.
Depois de recordar a forma como foi atacado nos seus tempos de liderança e de apontar propostas suas na altura incompreendidas mas hoje aceites, Menezes questionou se o Partido não devia voltar a realizar eleições anuais para a sua liderança, porque o esquema bienal ajuda a matar a vida interna e a manter as sedes fechadas”.
Terminou dizendo que “todos sabemos quem vai ser previsivelmente o líder do Partido. Isso só não acontecerá se os militantes mantiverem uma atitude revolucionária e exigirem novas regras”.