A Rússia prometeu hoje responder à vaga de expulsões dos seus diplomatas de países da União Europeia (UE), depois dessa medida ter sido anunciada, esta manhã, por mais dois países: Itália e Dinamarca.
“A Rússia dará uma resposta à medida”, disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zajárova, em conferência de imprensa.
Também o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Alexandr Grushkó, deixou um aviso, referindo que “as consequências [das expulsões] serão sentidas durante muito tempo” e considerando que a Rússia está a enfrentar “uma campanha planeada”.
A Dinamarca e a Itália anunciaram hoje que vão expulsar 15 e 30 diplomatas russos, respetivamente, um dia depois de vários outros países europeus terem tomado a mesma medida.
A decisão anunciada hoje pela Dinamarca foi explicada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros dinamarquês, Jeppe Kofod, com a necessidade de “enviar um sinal claro à Rússia: espionagem em solo dinamarquês é inaceitável”.
Segundo o ministério dinamarquês, o embaixador russo foi informado da decisão, ao mesmo tempo que a Dinamarca condenava fortemente “a brutalidade da Rússia contra civis ucranianos em Bucha” e sublinhava que “ataques deliberados contra civis são um crime de guerra”.
Já o ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Luigi Di Maio, referiu que o país decidiu expulsar 30 diplomatas russos por razões de “segurança nacional”.
Na segunda-feira, a Alemanha declarou 40 diplomatas russos da embaixada de Berlim ‘persona non grata’, instando-os a deixar o país, enquanto a França avançou com a decisão de expulsar 35 diplomatas russos “cujas atividades são contrárias aos interesses” do país e representam um regime de “incrível brutalidade”, como ficou “provado pelas imagens de crimes de guerra cometidos na cidade ucraniana de Bucha”.
A expulsão de diplomatas russos já tinha acontecido noutros países europeus, como a Lituânia, a Bulgária ou a Eslováquia, e nos Estados Unidos, no âmbito da invasão da Ucrânia.
Em retaliação, o Presidente russo, Vladimir Putin, assinou, na segunda-feira, um decreto para restringir a concessão de vistos para países da União Europeia e para a Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein, devido às suas “ações hostis” contra a Rússia.
Nos últimos dias, dezenas de civis mortos foram encontrados em Bucha, uma cidade a 60 quilómetros de Kiev que esteve várias semanas ocupada pelas tropas russas e foi recentemente reconquistada pelos ucranianos.
Muitos dos mortos estavam espalhados na rua ou em valas comuns, tendo as autoridades ucranianas e os seus aliados acusado os soldados russos de terem cometido esses crimes.
Moscovo rejeitou em absoluto qualquer responsabilidade e disse que foi feita uma encenação por Kiev.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.430 civis, incluindo 121 crianças, e feriu 2.097, entre os quais 178 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de dez milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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