“A polícia invadiu a minha casa.” Enquanto ajeitava o nó da gravata, em frente ao telemóvel no closet da sua habitação, o presidente da câmara de Istambul anunciava a milhares de seguidores das redes sociais aquilo que, numa voz pausada e serena, considerava estar a acontecer: um “golpe” para “impedir que a nação escolha o próximo Presidente”. Na curta mensagem, com menos de 60 segundos, difundida imediatamente antes de ser detido, Ekrem Imamoglu fez questão de anunciar que “não iria render-se” e deixou um aviso público a quem ordenou a sua prisão: “A vontade do povo não pode ser silenciada.”
O apelo desencadeou a maior onda de protestos dos últimos anos em Istambul, com milhares de pessoas a concentrarem-se nas ruas e a desafiarem as forças policiais e a proibição de manifestações, com palavras de ordem que não deixam margem para dúvidas sobre o confronto que hoje divide a Turquia: “Erdogan, ditador!” e “Imamoglu, não estás sozinho!”