“Entendo que, quaisquer que sejam os factos, esta questão será inevitavelmente uma distração em relação ao trabalho deste governo e às políticas em que ambos estamos empenhados”, escreveu Louise Haigh, numa carta dirigida a Keir Starmer, primeiro-ministro britânico, a apresentar a sua demissão. Esta é a primeira demissão de um ministro do Governo de Starmer, do Partido Trabalhista, que chegou ao poder a 4 de julho, por maioria absoluta, acabando com o governo de 14 anos do Partido Conservador. “Continuo totalmente empenhada no nosso projeto político, mas acredito agora que será melhor apoiá-lo fora do governo”, lê-se.
A demissão aconteceu horas depois de a Sky News e o The Times terem avançado que Louise Haigh foi acusada de fraude após ter comunicado erradamente o roubo de um telemóvel, na sequência de um assalto de que foi vítima em 2013 quando Haigh, na altura com 20 anos, trabalhava para a seguradora Aviva. A agora ex-ministra foi assaltada durante uma saída noturna e incluiu um telemóvel de trabalho na lista de objetos roubados comunicados à polícia. “Em 2013, fui assaltada numa saída à noite. Eu era uma mulher jovem e a experiência foi aterradora. Fiz queixa à polícia e dei-lhes uma lista do que pensava ter sido levado – incluindo um telemóvel do trabalho que me tinha sido dado pelo meu patrão”, disse numa declaração anterior à sua demissão.
Haigh explicou que recebeu um telemóvel novo, no entanto, algum tempo depois, terá acabado por encontrar o dispositivo que pensava ter sido roubado. Após voltar a ligar o telemóvel, o que alertou as autoridades, foi chamada a prestar declarações. “Devia ter informado imediatamente a minha entidade patronal e não o ter feito de imediato foi um erro”, acrescentou.
A britânica declarou-se culpada de fraude por falsas declarações e recebeu uma exoneração condicional. “Os magistrados aceitaram todos estes argumentos e deram-me a sentença mais baixa possível”, disse sublinhando que se declarou culpada – a conselho do seu advogado – apesar de se tratar de um “erro genuíno” do qual “não obteve nenhum benefício”.
Starmer agradeceu o trabalho da ministra por “levar a cabo a ambiciosa agenda de transportes deste governo”, destacando os progressos feitos no sistema ferroviário. “Sei que ainda poderá dar um grande contributo no futuro”, escreveu o primeiro-ministro.