Joe Biden discursou nesta quarta-feira, dia 24 de julho, pela primeira vez desde o anúncio da desistência às eleições presidenciais de 5 de novembro. Num discurso com cerca de 11 minutos, diretamente da Sala Oval da Casa Branca, o ainda Presidente dos EUA defendeu a sua decisão, tomada pública no passado domingo, de abandonar a corrida eleitoral a um segundo mandato. Biden, de 81 anos, defendeu que o País atravessa um “ponto de “viragem”, e que as “ambições pessoais” não devem “interferir com a defesa da democracia” norte-americana.
“Acredito que o meu historial como Presidente, a minha liderança no mundo e a minha visão para o futuro dos Estados Unidos justificariam um segundo mandato, mas nada pode interferir no caminho de salvar a nossa democracia. Isso inclui a ambição pessoal”, referiu. Para o democrata, a democracia nos Estados Unidos “está em risco e é mais importante do que qualquer cargo”, pelo que é tempo de “passar o testemunho a uma nova geração”, acrescentou.
Após anunciar que iria sair da corrida à Casa Branca, Biden declarou o seu apoio a Kamala Harris, atual vice-presidente dos Estados Unidos. “Decidi que o melhor curso de ação é passar o testemunho a uma nova geração, que isso é a melhor forma de unir a nossa nação”, explicou. “Há um tempo e um lugar para longos anos de experiência na vida pública. Há também um tempo e um lugar para novas vozes, vozes frescas, sim, vozes mais jovens, e esse tempo e lugar é agora”, referiu. Harris, de 59 anos, encontra-se à frente do adversário Trump nas últimas sondagens realizadas esta terça-feira pela agência Reuters.
Biden desistiu da corrida à Presidência da Casa Branca no passado domingo, dia 21 de julho, após meses de críticas e apelos para que não se recandidatasse. No seu discurso apelou ainda aos eleitores que ponderem o seu voto. “Aqui, os reis e os ditadores não mandam. Manda o povo. A História está nas vossas mãos. O poder está nas vossas mãos. O poder da América está nas vossas mãos”, referiu.
O balanço do mandato
No decorrer do seu discurso, o ainda líder americano fez um balanço do seu mandato, que cumprirá até ao final deste ano. “Enfrentamos a pior pandemia do século, a pior crise económica desde a Grande Depressão e o pior ataque à nossa democracia desde a Guerra Civil”, mencionou, referindo-se ao ataque ao Capitólio a 6 de Janeiro de 2021. “Os salários aumentaram. A inflação continua a descer. A disparidade de riqueza racial é a mais baixa dos últimos 20 anos. Estamos literalmente a reconstruir toda a nossa nação”, acrescentou.
Biden mencionou ainda como prioridades o fim da agressão russa na Ucrânia e do conflito em Gaza, referindo que até ao final do seu mandato irá continuar a lutar para “manter a NATO forte, mais poderosa e mais unida do que em qualquer momento da nossa história”, explicou. A nível nacional, mencionou como um dos seus objetivos principais a reforma do Supremo Tribunal, a recuperação da economia norte-americana e combate às alterações climáticas.
“Foi o privilégio da minha vida ter servido esta nação por mais de 50 anos”, despediu-se. “Eu venero este cargo. Mas amo ainda mais o meu país. Foi a maior honra da minha vida prestar serviço como vosso presidente. Mas a defesa da democracia – que é o que está em causa – é mais importante do que qualquer título”, concluiu.