Já todos sabíamos que estaria impedido de concorrer às eleições presidenciais da Rússia, agendadas para 15, 16 e 17 de março. Agora, podemos ter a certeza que o principal opositor de Vladimir Putin jamais terá oportunidade de ir a votos ou de alguma vez sentar-se no Palácio do Kremlin. Os principais meios de comunicação do país anunciaram esta manhã a morte de Alexei Navalny, na penitenciária junto do Ártico, onde cumpria uma pena de 19 anos por “extremismo” e 9 por fraude.
Há apenas duas semanas, ainda apareceu um vídeo do jurista anti-corrupção, com ar debilitado e muito magro, a apelar aos seus compatriotas para que não continuem a votar no antigo oficial do KGB que ocupa ininterruptamente o poder desde 1999. Tudo indica que não resistiu às terríveis condições de vida no também chamado campo “lobo polar”, um autêntico gulag na região autónoma de Yamalo-Nenets, para onde foi levado há pouco mais de um mês e no qual as temperaturas nas celas podem atingir os 30 graus centígrados abaixo de zero.
Quer a sua família, quer os seus advogados, há muito que se queixavam de Navalny permanecer em isolamento e não o conseguirem contactar com frequência. Uma aparente inevitabilidade no lugar onde vigora um regime especial – o IK-3 -, ao qual poucos resistem sem sequelas e por onde passou também Mikhail Khodorkovsky, o famoso oligarca que chegou a possuir a maior fortuna do país e que se tornou um dos inimigos de estimação de Vladimir Putin.
Como costumava comentar Josef Estaline (ditador que governou entre 1922 e 1953), “morre o homem, desaparece o problema”. Com o atual Presidente, essa máxima continuará a cumprir-se de forma implacável. Desde a sua instalação em Moscovo, há um quarto de século, todos os que o desafiaram tiveram de exilar-se ou acabaram como Navalny. A lista de homicídios políticos suspeitos é longa. Alguns exemplos: Sergei Yushenkov (2003), Anna Politkovskaya e Aleksander Litvinenko (2006), Natalya Estemirova e Sergei Magnitsky (2009), Boris Nemtsov (2015)…