A professora, educadora, autora e curadora no Gana e na Escócia, receberá este ano a Royal Gold Medal, uma das mais altas distinções mundiais para a arquitetura, concedida em reconhecimento do trabalho de uma vida.
“Uma agente visionária da mudança”, foi como descreveu o arquiteto nigeriano Muyiwa Oki, presidente do RIBA, sobre a curadora que irá receber uma distinção dirigida a uma pessoa ou grupo de pessoas que tenham tido uma influência significativa no avanço da arquitetura.
Durante mais de duas décadas, Lesley Lokko “dedicou a sua carreira a amplificar as vozes sub-representadas e a examinar a complexa relação entre arquitetura, identidade e raça, tendo um impacto profundo na educação, no diálogo e no discurso da arquitetura”, sublinha o presidente do RIBA na sua página ´online´.
Em 2021, Lesley Lokko fundou o African Futures Institute (AFI) em Acra, no Gana, com o objetivo de ser um novo modelo de educação, investigação e diálogo público que une as artes, as humanidades e as ciências.
Antes de criar o AFI, Lokko lecionou em todo o mundo e reformulou cursos de arquitetura “para democratizar, descolonizar e fazer progredir o ensino da arquitetura”, e entre as suas funções destacam-se a de fundadora e diretora da Graduate School of Architecture da Universidade de Joanesburgo, na áfrica do Sul, e reitora da The Bernard and Anne Spitzer School of Architecture do The City College de Nova Iorque, nos Estados Unidos.
Em 2023 foi nomeada curadora da 18.ª Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza, onde Portugal esteve representado com o projeto “Fertile Futures”, da arquiteta Andreia Garcia, entre 20 de maio e 26 de novembro, exposto no palácio Franchetti, um dos espaços do certame.
A organização cita a arquiteta no texto do anúncio do prémio: “Foi uma grande surpresa para mim. Isto nunca esteve nos meus planos. Estou muito contente por ser considerada ao lado de alguns dos grandes vencedores anteriores da medalha de ouro [do RIBA]. Embora este seja um prémio pessoal, não se trata apenas de um triunfo pessoal, mas sim de um testemunho das pessoas e organizações com quem trabalhei e que partilham os meus objetivos”.
“Entrei na arquitetura à procura de certezas, à procura de respostas. Em vez disso, encontrei perguntas e possibilidades, formas muito mais ricas, mais curiosas e mais empáticas de interpretar e moldar o mundo. A arquitetura deu-me a linguagem, em todas as suas formas – visual, escrita, construída, executada – e essa linguagem, por sua vez, deu-me muita esperança”, acrescenta a arquiteta premiada.
A medalha de ouro do RIBA 2024 será formalmente entregue a Lesley Lokko em Londres, a 02 de maio.
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