O presidente da Chemo-Plast, entre 1974 e 1981, era Karl-Heinz Schlurmann, a quem sucedeu Reinhold Bechtle, um ex-dirigente do Partido Comunista Alemão (DKP) da RFA, que trabalhava para a Wittenbecher, uma empresa que foi comprada pela Chemo-Plast e que viria a ser processada em tribunal por fazer contrabando de máquinas entre as duas Alemanhas. O fundador da Chemo-Plast foi Ottokar Hermann, que mais tarde controlaria um império de empresas Koko em Lugano, na Suíça, e que depois seria preso, condenado por tráfico. Schlurmann também foi preso, julgado e condenado, em 1984, na RFA, acusado de contraespionagem e de ter desviado 417 mil marcos em impostos devidos à RFA, criando contratos de trabalho fictícios a funcionários do DKP. Todos os lucros obtidos pela Chemo-Plast, apurou o tribunal, eram transferidos ilegalmente para as contas da Koko no Handelsbank, de Berlim Oriental, através de holdings no Liechtenstein e na Suíça. Provou-se que transferiu, pelo menos, 15 milhões de marcos, além dos 30 milhões transferidos pela Wittenbecher, entre 1975 e 1978, altura em que a Chemo-Plast/Wittenbecher entrou no capital da Heska Portuguesa.
Schalck-Golodkowski tinha uma vivenda de luxo em Berlim, na Monet Strasse, decorada com todo luxo ocidental, e outra, de férias, em Hohenschönhausen. O seu escritório no 1º andar da sede da Koko, em Wallstrasse, perto do Spittelmarkt, tinha 40 m², um cofre com maços de notas e uma pistola, e uma grande secretária, a partir da qual controlava todas as empresas do seu império clandestino. Ia almoçar ao hotel Metropol, um dos três a funcionar apenas com moeda estrangeira, em Berlim Oriental. Também frequentava o Grand Hotel e o Hotel Palácio. Neste, a STASI ocupava uma enorme suíte no 5º andar, de onde os quatro agentes residentes a full-time monitorizavam os salões, os corredores e até os quartos, através de uma rede de câmaras ocultas. À noite, a Branca de Neve passava pela boîte Yucca, em Pankow, frequentada por diplomatas e também rigorosamente vigiada. Nos fins de semana ou em ocasiões especiais, pernoitava no Hotel Neptun, um edifício de 19 andares virado para o mar, no calçadão da praia, em Rostock. Schalck tinha lá a sua suíte permanente, de onde podia monitorizar as câmaras ocultas em todos os 338 quartos, que albergavam convidados ilustres, como Willy Brandt, Franz Josef Strauss ou Fidel Castro.
O ex-espião todo-
-poderoso da STASI e mentor da Koko manteve correspondência com o ministro do Interior da
RFA… Wolfgang
Schäuble