“O nosso país não está tão mal assim, porque se uma pessoa ouve dizer que 25% da população está a sair do país, quer dizer [que] nós estamos quase num país em guerra […] então eu acho que foi só uma questão de má informação ou talvez [o Presidente da República] quis referir-se a 25% de uma categoria de pessoa e não da população”, disse Patrice Trovoada.
Na terça-feira, Carlos Vila Nova disse que quase um quarto da população são-tomense emigrou este ano à “procura de melhores condições de vida, melhor formação e melhor saúde”.
Questionado hoje sobre o número apontado pelo chefe de Estado, Patrice Trovoada avançou dados do Serviço de Migração e Fronteiras (SMF), os quais lhe comunicaram que a “entrada e saída de são-tomenses são 23.900, que corresponde a cerca de 10% da população”, tendo Portugal como principal país de destino.
O primeiro-ministro sublinhou que a maioria dos são-tomenses têm beneficiado do visto de trabalho e vão à procura de emprego no âmbito do acordo de mobilidade da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que entrou em vigor este ano, e cerca de 4 mil foram estudar em vários países.
Além destes, referiu que há ainda pessoas que viajaram em missão de serviço e outras que também regressam para residir em São Tomé e Príncipe.
No entanto, referiu “uma situação” para a qual se deve “olhar com preocupação, que são as evacuações sanitárias” de junta médica, que rondam 452 pessoas este ano e os seus familiares, e outras pessoas que vão em tratamento pessoal, totalizando 4.000 pessoas.
“Isso é muita gente. É sinal que temos que melhorar as condições de saúde cá no país e de tratamento”, disse Patrice Trovoada.
No entanto, o primeiro-ministro disse que não dramatiza as discussões à volta da onda de emigração no país.
“Nós não condenamos essa vontade das pessoas saírem […] o que nós estamos a dizer é que temos que criar condições para que, quando as pessoas chegam lá fora, possam ter o máximo de sucesso possível nesta aventura”, referiu o primeiro-ministro.
“Temos que criar condições para que eles possam regressar um dia ao país ou pelo menos mandar também as remessas para quem ficou cá no nosso território. Por isso, não olhamos isso como um drama”, acrescentou Patrice Trovoada, quando questionado à margem da visita efetuada hoje a Polícia Judiciária são-tomense.
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