O rio Negro, chamado assim em razão da cor escura das suas águas, juntamente com o rio Solimões, é um dos principais afluentes do rio Amazonas, que concentra o maior caudal de água doce do mundo.
Segundo cientistas consultados pela Lusa, a queda do volume de água na Amazónia brasileira é provocada pelo baixo volume de chuvas na região nos últimos meses em razão de fenómenos climáticos como o el Niño, o aquecimento das águas no norte do Oceano Atlântico e efeitos cumulativos da desflorestação do bioma.
Em Manaus, capital do estado brasileiro do Amazonas, o SGB apontou que o caudal do rio Negro reduziu 40 centímetros entre os dias 19 e 24 de outubro, e atingiu a cota de 12,89 metros — o menor nível desde 1902.
A seca recorde impacta a vida de pelo menos 620 mil pessoas, segundo dados divulgados pela Defesa Civil. O problema também atrapalha o escoamento de produtos de Manaus, que tem um importante polo industrial.
No Amazonas e outros estados da região norte do Brasil, a estiagem já isolou comunidades e impediu a navegação, principal meio de transporte de algumas populações e de bens de consumo, além de causar a morte de animais e plantas.
Noutros rios importantes da região amazónica, como o rio Amazonas, o rio Solimões e o rio Acre, o volumes de água está abaixo da média nas últimas semanas.
Segundo dados do SGB em Manacapuru, município do estado brasileiro do Amazonas, o rio Solimões registou um novo mínimo histórico de 3,25 metros.
Cotas mínimas históricas também foram medidas em estações do rio Amazonas. Na cidade de Itacoatiara, também no estado do Amazonas, o nível do rio desceu 36 centímetros e alcançou a marca mínima histórica de 54 centímetros.
Principal fonte de água do estado brasileiro de Roraima, o rio Acre tem perdido volume de água de maneira acentuada e está com o nível abaixo da média prevista para outubro.
No início do mês, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) do Brasil decretou situação crítica de escassez de água no rio Madeira, que atingiu o menor volume de água em 56 anos, principalmente na cidade de Porto Velho, capital do estado de Rondônia, por causa da seca.
A baixa das águas do Rio Madeira provocou a suspensão das atividades da hidroelétrica de Santo Antônio, com capacidade instalada de 3.568 Megawatt (MW), durante quinze dias no início de outubro.
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