“A decisão do Comité do Nobel da Paz é um ato político alinhado com a política intervencionista e anti-Irão de alguns governos europeus”, sublinhou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Naser Kanani, em comunicado.
Kanani frisou que esta é mais uma “forma de pressão do Ocidente” contra o Irão, que se soma ao “terrorismo económico e desumano” que o país sofre “há mais de quatro décadas”.
O porta-voz da diplomacia iraniana apontou que Mohammadi foi condenada por “repetidamente violar a lei e cometer atos criminosos”, pelo que a atribuição do galardão representa um “desvio dos objetivos originais do Prémio Nobel da Paz”.
“O Irão, como um dos fundadores das Nações Unidas, trabalha sempre para alcançar a paz na esfera regional e global”, destacou Naser Kanani.
O Prémio Nobel da Paz 2023 foi hoje atribuído à ativista iraniana, em nome da “luta das mulheres no Irão contra a opressão”, segundo anunciou o comité Nobel norueguês.
Segundo o comité, a escolha desta ativista, vice-presidente do Centro de Defensores dos Direitos Humanos e que está atualmente presa, deveu-se também “à sua luta para promover os direitos humanos e a liberdade de todos”.
“O lema adotado pelos manifestantes – “Mulher-Vida-Liberdade” – expressa adequadamente a dedicação e o trabalho de Narges Mohammadi”, explicou a presidente do Comité Norueguês, Berit Reiss-Andersen, que anunciou o prémio em Oslo.
No total, adianta a fundação, o regime do Irão deteve esta ativista dos direitos humanos 13 vezes, condenou-a cinco vezes e sentenciou-a a um total de 31 anos de prisão e 154 chicotadas.
A ativista não vê há oito anos os filhos, que estão em Paris, e passou longos períodos em confinamento solitário
“O comité do Nobel espera que o Irão liberte a ativista iraniana de direitos humanos Narges Mohammadi, vencedora do Prémio Nobel da Paz de 2023, para receber o seu prémio em dezembro”, disse a presidente do comité, sublinhando que essa será “a decisão certa”.
O Prémio Nobel também relacionou o ativismo de Mohammadi com os protestos desencadeados no ano passado após a morte sob custódia policial da jovem Mahsa Amini, depois de ter sido detida por não usar corretamente o véu islâmico.
O Irão culpou países como os Estados Unidos, França, Alemanha e Israel, entre outros, pelo fomento dos protestos, que diminuíram após uma forte repressão estatal, que causou 500 mortes.
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