A Índia tornou-se o primeiro país a pousar no polo Sul da Lua, depois de a missão Chandrayaan-3, da Organização Indiana de Investigação Espacial, ter sido um sucesso, aterrando às 13h34 (hora de Lisboa) desta quarta-feira.
Mas porque é que é importante explorar o polo Sul da Lua? Segundo a Nasa, este é um território intrigante e cheio de “mistério e ciência”. Por isso mesmo, não é de admirar que haja uma “corrida espacial” para alcançar este ponto, longe dos locais de pouso das missões tripuladas que visitaram o satélite.
Neste lado da Lua existem crateras profundas que foram protegidas da luz solar durante milhares de milhões de anos, onde as temperaturas podem cair para os -248ºC, segundo refere a BBC. Por isso mesmo, nenhum ser humano explorou este mundo.
Ainda assim, a água é uma das principais razões pelas quais os cientistas desejam explorar a área, de modo a expandir o conhecimento da água gelada lunar, potencialmente um dos recursos mais valiosos da Lua, de acordo com a agência de notícias Reuters.
Os cientistas acreditam que a água congelada pode ter-se acumulado nas regiões polares frias ao longo de milhões de anos, fazendo com que exista uma amostra única de compreender a história da água no nosso sistema solar.
Além disso, esta exploração pode fornecer um registo de vulcões lunares e informações sobre a origem dos oceanos.
Na década de 1960, especulava-se que poderia existir água na Lua, mas as amostras que as tripulações da missão Apollo devolveram para análise não o revelavam. Já em em 2008, os investigadores da Universidade Brown, em Providence, nos EUA, reavaliaram essas amostras com nova tecnologia e encontraram hidrogénio dentro de esferas de vidro vulcânico.
Em 2009, um instrumento da NASA a bordo da sonda Chandrayaan-1, da Organização Indiana de Pesquisa Espacial, detetou água na superfície da Lua. No mesmo ano, outra sonda da NASA que atingiu o polo sul encontrou água gelada abaixo da superfície lunar.
Se for possível extrair água da Lua, os investigadores esperam que esta possa, eventualmente, ser usada pelos astronautas, sendo um recurso potável nas missões tripuladas. Além disso, pode ser uma ajuda para o arrefecimento dos equipamentos. Espera-se ainda que as moléculas de água possam ser decompostas em átomos de hidrogénio – para combustível – e oxigénio (para respirar), apoiando a missões.