“Não pode haver um grupo dentro das Forças Armadas que ameaça todo o Governo”, disse Netanyahu num comunicado hoje divulgado pelo seu gabinete, em que lembra que a ausência dos militares dos seus postos “põe em perigo a segurança” de Israel.
“O Governo não vai aceitar isso. O Governo vai agir contra isso e vai tomar todas as medidas necessárias para garantir a nossa segurança”, acrescentou o primeiro-ministro.
O exército israelita informou hoje que os seus comandantes estão em diálogo com os reservistas que declararam greve, dado o risco de segurança que representa a ausência de um grande número de soldados dissidentes.
Cerca de 4.000 soldados reservistas em posições-chave do exército de Israel, incluindo pilotos, comandos e especialistas em guerra cibernética, assinaram cartas a declarar que não continuarão a prestar os seus serviços voluntários até que a reforma judicial seja interrompida.
Netanyahu, que lidera uma coligação governamental com ultraortodoxos e ultranacionalistas (o executivo mais à direita da história do país), anunciou em janeiro uma reforma judicial que procura dar mais poder ao Governo, em detrimento do poder judicial.
Desde essa altura, o país polarizou-se e deu lugar a um movimento de protesto que reúne vários setores da sociedade e que tem manifestado o seu desagrado em inúmeras manifestações por todo o país.
Na terça-feira, o Governo de Israel vai enfrentar mais um “Dia de Resistência”, estando previstas grandes manifestações, bloqueios em estações de caminho-de-ferro e uma marcha até a sede da maior organização sindical do país, Histadrut, com o intuito de pedir aos líderes da central sindical que convoquem uma segunda greve geral.
O parlamento israelita – onde a coligação governamental tem uma maioria absoluta — deverá aprovar, possivelmente até ao final do mês, um dos pilares desta reforma judicial que consiste num projeto-lei que eliminaria a doutrina da razoabilidade, que permite ao Supremo Tribunal rever e anular as decisões do executivo que considere não razoáveis.
Em março, o ministro da Defesa, Yoav Gallant, pediu a suspensão da reforma, lembrando as profundas divisões que o documento estava a provocar no seio do exército.
Logo de seguida, Netanyahu ordenou a demissão do ministro, mas teve de recuar quando a decisão provocou as maiores manifestações desde o início dos protestos, com 700 mil pessoas a saírem às ruas.
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