As baixas no contingente russo ocorreram numa guarnição militar (Belgorod-22) situada a dez quilómetros da fronteira e onde caíram três ‘rockets’ disparados de lançadores múltiplos Uragan (de origem soviética), concluiu uma investigação do Comité de Instrução da Rússia e das forças de segurança.
Até agora, as autoridades regionais tinham apenas reconhecido a morte de dois residentes naquela zona e a existência de 12 feridos.
De acordo com o Kommersant, também foi destruído no ataque o edifício da administração do distrito de Graivoron, em cuja capital habitam cerca de 6.000 pessoas.
Segundo a mesma fonte, uma coluna com até dez blindados e veículos inimigos penetrou na segunda-feira em território russo através de uma passagem fronteiriça destruída pela artilharia ucraniana na localidade de Kozinka.
Só na tarde de segunda-feira, e depois de terem evacuado a zona, é que os guardas fronteiriços e as unidades do Serviço Federal de Segurança e da Guarda Nacional russos começaram a fazer recuar o inimigo.
O Ministério da Defesa russo declarou hoje ter aniquilado todos os sabotadores.
“Os grupos armados nacionalistas foram cercados e eliminados. Foram liquidados mais de 70 terroristas ucranianos”, escreveu o porta-voz da Defesa, Igor Konashenkov, na sua coluna diária sobre a guerra.
O tenente-general russo sublinhou que parte dos atacantes foi expulsa para a Ucrânia, onde a artilharia russa continuou a atacá-los “até à sua total eliminação”, tendo igualmente sido destruídos quatro blindados e outros cinco veículos.
Em seguida, as autoridades levantaram o regime antiterrorista decretado na véspera em Belgorod.
“Durante a inspeção ao local do crime, foram encontrados e apreendidos meios de transporte utilizados pelos sabotadores, armas automáticas e munições. Os sapadores desminaram o território de engenhos explosivos”, indicou a câmara municipal da capital regional.
O governador, Viacheslav Gladkov, afirmou na segunda-feira que se tratava de sabotadores das Forças Armadas da Ucrânia, mas um representante do Diretório de Serviços Secretos Militares ucranianos assegurou que por detrás desses ataques estavam dois grupos de russos que combatem ao lado de Kiev: o Corpo de Voluntários Russos e a Legião Liberdade para a Rússia, que, na própria segunda-feira, reivindicaram a responsabilidade do ataque.
A Legião indicou hoje no seu canal da plataforma digital Telegram ter destruído uma companhia motorizada do exército russo, além de um número indeterminado de agentes do Serviço Federal de Segurança (FSB, antigo KGB).
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, admitiu hoje “profunda preocupação” com a incursão de sabotadores, argumentando que, por essa razão, deve prosseguir a campanha militar no país vizinho.
“Sem dúvida, o que aconteceu ontem (segunda-feira) causa profunda preocupação. É uma nova demonstração de que os combatentes ucranianos continuam as suas atividades contra o nosso país. Prosseguirá a operação militar especial [na Ucrânia], para evitar semelhantes incursões no futuro”, sublinhou.
Enquanto a Presidência da República da Ucrânia se dissociou do ataque, a vice-ministra da Defesa ucraniana, Hanna Malyar, classificou os sabotadores como “patriotas da Rússia” que “se revoltam contra o regime de [Vladimir] Putin”, o chefe de Estado russo.
Malyar atribuiu as ações armadas ao “desejo dos cidadãos [russos] de mudar o sistema político do país e pôr fim à guerra sangrenta desencadeada pelo Kremlin” na Ucrânia há 15 meses.
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