O Presidente italiano, Sergio Mattarella, discursou no evento, alertando que as ideias da década de 1930 estão a reaparecer “numa altura em que a agressão desumana da Rússia contra a Ucrânia ainda é intensa”, noticiou a agência Associated Press (AP).
“O ódio, o preconceito, o racismo, o extremismo, o antissemitismo, a indiferença, a ilusão e a fome de poder espreitam, desafiando constantemente as consciências de indivíduos e nações”, sublinhou Mattarella, cuja nação sob o ditador Benito Mussolini foi aliada da Alemanha de Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial.
Entre os participantes no evento estavam sobreviventes do Holocausto, que viveram a agonia de Auschwitz ou um dos outros campos de extermínio onde a Alemanha nazi tentou exterminar a população judaica da Europa, e chegou perto de fazê-lo.
Alguns participantes, incluindo pessoas de Israel e dos Estados Unidos, depararam-se pela primeira vez com algo que há muito faz parte das suas memórias: as torres de vigia, restos de câmaras de gás e as enormes pilhas de sapatos, malas e outros objetos que as vítimas trouxeram consigo na sua jornada final.
As forças alemãs estabeleceram Auschwitz depois de terem invadido e ocupado a Polónia durante a Segunda Guerra Mundial e mataram mais de 1,1 milhões de pessoas lá, a maioria judeus, mas também polacos, ciganos, prisioneiros de guerra soviéticos e outros.
Ao todo, cerca de 6 milhões de judeus europeus morreram durante o Holocausto.
Idosos sobreviventes, alguns envoltos na bandeira azul e branca de Israel, reuniram-se sob o portão com as palavras cínicas “Arbeit Macht Frei” [O Trabalho Liberta, em português] antes da marcha.
O evento, embora sombrio, é também uma celebração da sobrevivência e do Estado de Israel, e alguns participantes bateram palmas e cantaram enquanto se preparavam para marchar perto do portão.
A Marcha dos Vivos, que ocorre todos os anos no Dia da Memória do Holocausto em Israel, começou naquele portão e levou a Birkenau, o grande campo a três quilómetros de distância, onde judeus de toda a Europa foram transportados de comboio e assassinados em câmaras de gás.
Phyllis Greenberg Heideman, a responsável pela marcha, destacou que os jovens participantes têm a responsabilidade de ‘carregar’ a memória das testemunhas.
“Eles serão a voz daqueles que não têm mais voz quando virem e entenderem o que aconteceu no passado”, destacou.
Alguns dos participantes planearam viajar no dia seguinte para Varsóvia, para as cerimónias que marcaram a revolta no gueto de Varsóvia em 1943, que contará com a presença dos presidentes da Polónia, Alemanha e Israel.
A revolta foi o maior ato único de resistência judaica durante o Holocausto e continua a ser um poderoso símbolo nacional para Israel.
Na terça-feira, o ministro da Cultura polaco, Piotr Glinski, participou numa cerimónia que marcou simbolicamente uma nova etapa no desenvolvimento de um museu programado para abrir em três anos, o Museu do Gueto de Varsóvia.
As autoridades enterraram uma “cápsula do tempo” contendo memorabilia e uma mensagem para as gerações futuras no terreno de um antigo hospital infantil que abrigará o museu.
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