Líder do partido supremacista de extrema-direita Otzma Yehudit (Poder Judeu), Ben Gvir advogou na sua conta Twitter “votar a favor de uma lei que imponha a pena de morte para os terroristas”, ao qualificar a iniciativa como “um dos projetos de lei mais importantes da história do país”.
Ao receber hoje em Berlim o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita Eli Cohen, a sua homóloga alemã Annalena Baerbock considerou que “seria um grande erro” a instauração da pena de morte por Israel, definida como uma “prática cruel” e “ineficaz” como medida de dissuasão.
“Os alemães deveriam ser os últimos a dar-nos sermões”, respondeu Ben Gvir, segundo os ‘media’ israelitas.
Na perspetiva de Ben Gvir, condenado no passado por incitamento ao racismo, vandalismo e apoio a uma organização terrorista israelita, a aprovação da pena de morte por Israel é algo de “moral e lógico” devido aos recentes ataques de palestinianos.
No passado domingo, o Governo israelita aprovou de forma preliminar uma lei, impulsionada pelo Poder Judeu, que permitiria aplicar a pena de morte a palestinianos que efetuem ataques mortais contra judeus israelitas por motivos raciais ou de ódio.
Esta medida — incluída nos acordos de coligação do atual Governo encabeçado pelo primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, o mais direitista da história de Israel –, deve ser aprovada por mais cinco instâncias antes de entrar em vigor, e implicaria uma histórica alteração no Estado judaico sobre a pena de morte, que não se aplica há 60 anos.
Esta viragem ocorre em pleno agravamento da violência em Israel e na Cisjordânia ocupada, onde ultimamente se registaram ataques recíprocos entre colonos judeus e residentes palestinianos, para além das intensas e violentas incursões militares israelitas que decorrem desde há um ano.
O ano de 2023 já se tornou no mais violento desde há 23 anos na Cisjordânia ocupada, com a morte de 63 palestinianos e 14 israelitas.
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