Um sismo de magnitude 7,8 na escala de Richter atingiu na madrugada de segunda-feira a província turca de Gaziantep, no sul do país na fronteira com a Síria. O abalo ocorreu às 04:17, hora local, e terá provocado o colapso de inúmeras infraestruturas e cerca de 2300 mortes, segundo as últimas estimativas.
As operações de resgate e salvamento, bem como a subsequente reconstrução das áreas afetadas será um processo longo. Tudo isto é complicado pelo facto de o terramoto ter ocorrido perto da fronteira com a Síria, onde quase 12 anos de guerra civil deixaram as comunidades vulneráveis.
Território disputado
A maioria dos danos provocados pelo abalo está situada no norte da Síria, região onde mais se fazem sentir as consequências da guerra civil que devasta o país desde 2011. Esta zona é disputada por grupos rebeldes opositores do regime de Bashar Al-Assad, não havendo um poder centralizado, pelo que as operações de resgate e salvamento serão muito dificultadas. Grande parte das construções não estão projetadas para lidar com fenómenos naturais e a guerra civil enfraqueceu a qualidade e segurança das mesmas.
O norte da Síria tem estado na mira da Turquia, não só pela vaga de refugiados, mas também pela prevalência de grupos curdos associados ao PKK, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão. Este partido é considerado uma organização terrorista pela Turquia.
Campos de Refugiados
A quase totalidade dos campos de refugiados na Síria situa-se no norte do país perto de cidades como Alepo ou Idlib. “Há centenas de milhares de refugiados que já vivem em condições miseráveis que serão afetados por isto”, diz Alistair Bunkall, correspondente da Sky News no Médio Oriente.
Mais de 6,8 milhões de sírios foram forçados a fugir do seu país desde 2011, enquanto 6,9 milhões são deslocados internos. Aproximadamente 5,2 milhões de refugiados encontraram refúgio nos países vizinhos, principalmente em Turquia, Líbano e Jordânia.
Falta de infraestruturas de emergência
Províncias como a de Idlib, no norte da Síria, têm sido frequentemente alvo de bombardeamentos pelo regime sírio ou pela sua aliada, a Rússia. Os seus alvos são civis, hospitais e habitações e combinam ataques aéreos com ataques químicos. Os ataques aéreos têm sido tão frequentes que médicos e organizações de ajuda humanitária operam serviços médicos no subsolo de forma a protegerem-se das investidas.